Resumo |
A mineração é uma das atividades antrópicas mais poluentes e de maior risco a contaminação de cursos d'água no Brasil. Com o rompimento da Barragem no dia 05/11/2015 ocorreu o vazamento de rejeitos de mineração de ferro, afetando a qualidade da água dos rios a jusante, ocasionando um aumento significativo na cor, turbidez e Sólidos Suspensos Totais (SST) nas suas águas. A cor da água interfere na medida de turbidez devido à sua propriedade de absorver luz. Além disso, a turbidez é promovida pelo material em suspensão, o qual provoca a reflexão da radiação, dificultando a passagem dos raios solares pela água, o que reduz o processo de fotossíntese e reduz consequentemente o teor de oxigênio dissolvido na água. O objetivo deste trabalho foi avaliar a turbidez, cor e Sólidos Suspensos Totais (SST) da água, principalmente do rio Gualaxo do Norte, primeiro rio a ser atingido pela pluma de rejeitos. Foram realizadas coletas de amostras de água nesse rio dois anos após o rompimento da barragem. As amostras foram coletadas em campo com auxílio de amostrador específico, posteriormente, foram armazenadas em frascos, e mantidas em refrigeração até a análise. Em laboratório foram determinadas turbidez, cor utilizando os equipamentos: 2100AN Turbidimeter-Hach (unidade: NTU) e Aqua Color Cor-Policontrol (unidade: mg/L de pt), respectivamente, e as análises de Sólidos Suspensos Totais (SST) foram realizadas em laboratório pelo método gravimétrico (unidade: mg/L). Foi realizada estatística descritiva dos dados de modo a avaliar como a distribuição espacial dos pontos em relação ao local do rompimento afeta os valores finais de cor, SST e turbidez. O modelo aplicado a cor e turbidez explica bem o comportamento dos dados (R2= 0,93163, F= 844,934; p>0,001), a medida em que a turbidez aumenta quando ocorre chuva na região, a cor também é afetada pela mesma. A correlação entre cor e turbidez é também estatisticamente significativa (R2= 0,7497; F= 185,732; p>0,001). A análise de regressão para a cor se mostrou estatisticamente influenciada pelo fator SST (R2= 0,673661; F= 127,986; p<0,001). Foi possível correlacionar os dados de turbidez, cor e SST. Assim, foram gerados gráficos através do box plot para avaliar a distribuição dos dados ao longo dos períodos secos e úmidos. Os pontos analisados foram: 3, 4, 5, 9, 10, 11, 12 e 13. O ponto 3 que estava a jusante da barragem apresentou uma variabilidade menor na turbidez em relação ao ponto 13, que estava a montante da barragem no período seco. Já no período úmido o ponto 3 apresentou um número maior na turbidez do que o ponto 13. O mesmo ocorreu com a cor. Para o SST no período seco o ponto 3 e 13 apresentaram valores próximo e no período úmido o ponto 3 apresentou uma variação maior. O ponto 9 que está entre a jusante e a montante, teve a turbidez e cor maior no período seco, já no período úmido, apresentou um número maior no SST. |