Resumo |
Em novembro de 2015 ocorreu em Bento Rodrigues, distrito de Mariana-MG, um dos maiores desastres socioambientais brasileiros, o rompimento da barragem de contenção de rejeitos de minério de ferro, Fundão, propriedade da empresa Samarco Mineração S.A. Aproximadamente, 43 milhões de m3 de rejeitos desceram da barragem de Fundão, atingindo 39 municípios nos estados de Minas Gerais e Espírito Santo, afetando os rios Gualaxo do Norte, Carmo e Rio Doce, além do solo da região. Como medida emergencial, a empresa começou o programa de revegetação em algumas áreas. A atividade microbiana no solo é utilizada como indicador de sua qualidade, visto que os microrganismos respondem rapidamente às alterações ambientais decorrentes do manejo adotado. A respiração basal do solo é um dos indicadores biológicos utilizados para avaliar sua qualidade através da quantificação da produção de CO2 proveniente da respiração de organismos que ali habitam, como por exemplo bactérias, fungos, além de invertebrados e plantas (raízes). Sendo assim, o objetivo deste trabalho foi a avaliação da respiração basal do solo das áreas impactadas com a deposição do rejeito de mineração. A área de estudo foi o distrito de Paracatu de Baixo (Mariana-MG), afetado pela onda de rejeitos proveniente do rompimento da barragem de Fundão. A coleta foi realizada em março e setembro de 2017 em três áreas: UND - área adjacente não afetada pela onda de rejeitos e coberta por vegetação natural - floresta; REC1 - área afetada sem programa de revegetação; e REC2 - região afetada pelo rejeito de mineração com programa de revegetação implementado pela empresa. Foi realizado a coleta de 3 amostras compostas para cada área, a uma profundidade de 0 a 15 cm. A respiração basal do solo (C-CO2) foi mensurada colocando-se 50 g de cada amostra em recipientes de 500 mL e incubando por 96 h a 25 °C. As análises foram realizadas em um respirômetro automatizado com detector infravermelho (Sable Systems - 54 Mod. TR-RM8 Respirometer Multiplexer). Foi realizado o teste estatístico ANOVA no software R adotando um p-valor de 0,05. Os valores acumulados da respiração basal do solo seco mostraram uma redução estatisticamente significativa da capacidade respiratória microbiana nos solos afetados pelo rejeito, sendo que a área não afetada UND apresentou uma média de 404,89 µg CO2 g-1 e as áreas afetadas REC1 e REC2 apresentaram médias de 171,76 e 205,54 µg CO2 g-1 respectivamente. Com isso, conclui-se que o impacto ocorrido nas áreas afetadas reduziu drasticamente os processos respiratórios no solo, mostrando o desequilíbrio ambiental ocasionado pela deposição de rejeito de minério nos solos das áreas analisadas. Apoio financeiro: FAPEMIG, CNPq, CAPES. |