Resumo |
Juntamente com o expressivo crescimento da indústria suína brasileira, as enfermidades que acometem a suinocultura também se diversificaram e o número de relatos de vírus emergentes aumentou significativamente. Dentre esses, o novo membro da família Circoviridae descoberto em 2016 nos Estados Unidos e denominado Porcine Circovirus 3 (PCV3) por ser um vírus não envelopado, de genoma circular e constituído por DNA de fita simples. Esse estudo teve como objetivo detectar a presença de PCV3 na suinocultura brasileira através de um estudo retrospectivo. Foram utilizadas 67 amostras clínicas de suínos com sinais clínicos de doenças associadas ao circovírus suíno, coletadas em nove estados (MT, MS, RS, SC, PR, SP, ES, MG, GO), das principais regiões produtoras de suínos do Brasil entre 2006 e 2007. Esses materiais foram analisados quanto à infecção por PCV3 através da técnica de PCR convencional. As amostras de DNA armazenadas foram submetidas ao ensaio de PCR utilizando primers que amplificam uma região de 649 pares de base da proteína do capsídeo de PCV3. As misturas de PCR continham 12,5 μL de DreamTaq Green PCR Master Mix (2x) (Thermo Fisher Scientific, Massachusetts, EUA), 2 μL de cada primer 10 mM, 4 μL de DNA e 4,5 μL de água livre de nucleases, totalizando 25 μL. Os ensaios de PCR foram realizados com o seguinte perfil térmico: 94° C por 5 minutos, 35 ciclos de desnaturação a 94° C por 30 segundos, anelamento a 57° C por 45 segundos, extensão a 72° C por 1 minuto e extensão final de 72° C durante 10 minutos. Os produtos das reações de PCR foram submetidos à eletroforese em gel de agarose a 1% e analisadas com o auxílio de luz ultravioleta. Dentre as amostras analisadas, 47,8% (32/67) foram consideradas positivas para PCV3. Destas 32 amostras positivas para PCV3 haviam amostras de todos os 9 estados brasileiros analisados neste estudo. Além disso, das 32 amostras positivas para PCV3, 37,5% (12/32) também foram positivas para PCV2. Com base no histórico dos animais, foi possível observar que a prevalência de PCV3 em suínos saudáveis foi de 29,8% e em suínos doentes 17,9%. Com base nestes dados, pode-se sugerir que a maioria dos suínos ppde conviver com a infecção por PCV3 sem apresentar sinais de infecção clínica. Os resultados desse estudo demonstram a presença de PCV3 no Brasil em suínos saudáveis e doentes desde 2006. |