Resumo |
A papilomatose canina é uma doença infecciosa de etiologia viral, pertencente ao gênero Papillomavirus e família Papillomaviridae, caracterizada pela formação tumoral benigna semelhantes couve-flor, de coloração variando de branco acinzentada a negra, friáveis. A transmissão por contato direto com secreções ou sangue ou fricção de tecidos acometidos, forma iatrogênica e fômites, ocorre sem receptores intermediários. Tem predileção por cães filhotes e/ou animais imunocomprometidos de qualquer faixa etária. Pode se desenvolver de forma isolada ou múltipla, localizadas em várias regiões, sendo o papiloma oral, ocular e cutâneo as formas mais comuns. O objetivo do presente trabalho é relatar um caso clínico de um cão com papilomatose oral que foi tratado com vacina autógena. Foi atendido no Hospital Veterinário de Cães e Gatos na Universidade Federal de Viçosa, no mês de outubro de 2017, um cão macho, sem raça definida de aproximadamente 4 anos de idade, com queixa de apatia, sialorreia, halitose, sangramento bucal, presença de massas róseas friáveis em mucosa oral além de miíases em algumas lesões. O diagnóstico de papilomatose oral foi realizado de acordo com os sinais clínicos e características macroscópicas das lesões. No primeiro atendimento foi identificado pancitopenia e hipoalbuminemia e a terapia inicial envolveu a tentativa de melhorar o estado imunológico com fármacos imunoestimulantes e suplementação vitamínico mineral. Foram agendados retornos quinzenais para acompanhamento da evolução clínica e hematológica, que não foi satisfatória com a terapia medicamentosa tradicional. Após 3 meses de tentativas de tratamento, optou-se pela exérese cirúrgica das neoplasias maiores para facilitar a alimentação e para confecção da vacina autógena. As amostras dos tumores foram encaminhadas ao laboratório de Virologia do Departamento de Veterinária da UFV para produção da vacina, onde foram conservadas a 4°C até confecção da mesma. Foram necessários 100 gramas de amostra para confecção das 3 doses da vacina contendo 5 ml cada uma delas. A vacina foi produzida assepticamente a partir de fragmentos de papilomas coletados, inativada por solução de formalina a 0,04% e conservados em estufa durante 24 horas. As doses foram administradas por via subcutânea em dois lugares distintos do dorso, em 3 aplicações com intervalo de 21 dias entre elas. Foi possível observar melhora gradativa após cada aplicação realizada. Após as 3 aplicações foi concedida alta clinica ao paciente devido a regressão completa das lesões. O animal apresentou melhora hematológica porém continuou imunocomprometido. Até nos dias de hoje (7 meses após tratamento) não houve recidiva da doença. O uso da vacina autógena para o tratamento de papilomatose oral foi efetiva e deve ser considerada como uma opção terapêutica quando a terapia convencional não apresentar a resposta desejada. |