Resumo |
Cultivares melhoradas é sem dúvida uma das principais tecnologias em um sistema de produção. Vários estudos relatam essa contribuição do melhoramento de plantas no feijoeiro, especialmente no incremento da produtividade. Contudo, a maioria dos estudos baseiam-se na performance das linhagens desenvolvidas pelos programas ao longo dos anos de melhoramento. Acredito que a forma de avaliar a real contribuição do melhoramento seria com base nas cultivares recomendadas ao longo do tempo, pois somente algumas das linhagens desenvolvidas tornam-se cultivares. No caso do feijão do tipo carioca, o mais cultivado no Brasil, dezenas de cultivares foram recomendadas a partir de 1970, quando se recomendou a primeira cultivar com esse padrão de grão, denominada Carioca. Assim, o objetivo com este trabalho foi avaliar a contribuição dos programas de melhoramento de feijão do Brasil, tendo como base as cultivares do tipo carioca recomendadas nos últimos 43 anos. Para isso foram avaliadas 52 cultivares de feijão carioca recomendadas pelos principais programas de melhoramento do Brasil, entre os anos 1970 e 2013. Os experimentos foram conduzidos nos municípios de Viçosa e Coimbra, Minas Gerais, no período de 2013 a 2016, totalizando nove ambientes. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso com três repetições. As características avaliadas foram: arquitetura de planta, massa de cem grãos e aspecto comercial dos grãos, em quatro ambientes, e produtividade de grãos em todos os ambientes. O progresso genético foi estimado com base nas médias das características avaliadas nas cultivares, utilizando o modelo de regressão que melhor se ajustou: no caso linear ou linear bissegmentado, dependendo da variável. As médias da análise conjunta também foram agrupadas pelo teste de Scott e Knott. A interação cultivares x ambientes foi significativa para todas as características avaliadas, indicando comportamento diferenciado das cultivares nos diferentes ambientes. Houve progresso genético para todas as características avaliadas. Para arquitetura de planta, o ganho foi de 0,04 %, o que implica em plantas mais adaptadas à colheita mecânica. Em relação a massa de cem grãos, ocorreu incremento anual de 0,05 % que corresponde a 0,15 g/cem grãos ao ano. A contribuição do melhoramento na melhoria do aspecto do grão foi de 0,05 % ao ano, tornando o grão mais atrativo ao consumidor. Para produtividade de grãos o ganho médio anual foi de 27,42 kg/ha, equivalente a um incremento anual de 0,05 %. Observa-se, portanto melhoria no porte das plantas, na qualidade comercial dos grãos e na produtividade. Também verificou-se que essa contribuição dos programas de melhoramento de feijão no Brasil foi mais efetiva a partir de 1990. |