Resumo |
Introdução: O envelhecimento populacional e o aumento da expectativa de vida no Brasil, em paralelo às transições epidemiológica e nutricional evidenciam a necessidade de estudos sobre a mortalidade de idosos com ênfase na relação entre essa e o estado nutricional. Objetivo: o presente trabalho objetivou avaliar o estado nutricional e a mortalidade dos idosos do município de Viçosa, MG. Métodos: Trata-se de um estudo do tipo prospectivo que faz parte do projeto “Condições de saúde, nutrição e uso de medicamentos por idosos do município de Viçosa (MG): um inquérito de base populacional” A população-alvo constituiu-se de idosos com idade igual ou superior a 60 anos de idade, não institucionalizados, residentes em Viçosa em 2009, sendo que, da amostra estudada, 190 óbitos foram registrados no período de junho de 2009 a abril de 2018. Foram coletadas informações socioeconômicas na linha de base. O estado nutricional foi avaliado segundo o índice de massa corporal (IMC), perímetro da cintura, e relação cintura-estatura (RCE). As causas de morte foram classificadas segundo a décima revisão da Classificação Internacional Estatística de Doenças e Problemas de Saúde. Utilizou-se o teste qui-quadrado de Pearson para comparações de interesse. Resultados: Dos 190 óbitos, 52,1% ocorreram em idosos do sexo masculino, houve predomínio de óbitos na faixa etária de 80 anos ou mais (53,6%) e entre idosos com, no máximo, quatro anos de escolaridade (87,8%). Independente do sexo e da faixa etária, a principal causa de óbito foram as doenças do aparelho circulatório. Excluídas as demais causas, em segundo lugar foram as doenças do aparelho respiratório nos homens (18,8%) e neoplasias malignas (17,3%) nas mulheres. Dos idosos que vieram a óbito por doenças do aparelho circulatório e doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas, a maioria apresentou excesso de peso na linha de base (45,5%), em comparação a 26,4% dos que morreram por outras causas, mas sem diferença estatisticamente significante. Dos óbitos em mulheres, tanto no grupos de causas por doenças do aparelho circulatório, endócrinas, nutricionais e metabólicas quanto por outras causas, a maioria (45%)apresentou risco muito aumentado para doenças associadas à obesidade. No sexo masculino, observou-se uma maior prevalência de risco cardiovascular entre aqueles cuja causa do óbito foram as doenças do aparelho circulatório e doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas (31% vs. 20,0%), com significância estatística. Conclusão: As principais causas de óbito têm relação com fatores de risco modificáveis, incluindo aqueles relacionados ao estado nutricional, e chamam a atenção para a relevância de estratégias que promovam mudanças no estilo de vida, tais como a prática de atividade física para redução do excesso de peso e a promoção da alimentação saudável. |