Resumo |
Diante das previsões do IPCC com relação às mudanças climáticas foi avaliada o efeito das concentrações elevadas de CO2 e O3 nos componentes de rendimento na cultura do feijão. O experimento foi realizado na área de pesquisa em “Mudanças Climáticas e Agricultura” do Departamento de Engenharia Agrícola (campus Viçosa, DEA/UFV). O cultivo foi conduzido com práticas agrícolas convencionais, sendo a acidez, nutrição, controle de pragas e irrigação conforme o requerimento da cultura. O plantio foi realizado numa área 250m² dentro da qual foram distribuídas 12 câmaras de topo aberto (OTC). Dados microclimáticos (temperaturas do ar e umidade relativa) foram monitorados com sensores fixos dentro das OTC. Os tratamentos foram T0=Ambiente atual (420ppm de CO2 e 35ppb de O3), o T1=Ambiente+330ppmCO2, o T2=Ambiente+330ppmCO2+33ppbO3 e T3=Ambiente+33ppbO3. As plantas foram expostas diariamente (de 6:30-18:00) desde a germinação até a maturação das vagens. As [CO2] foram medidas 3 vezes ao dia manualmente e as [O3] a cada 15 minutos (automaticamente). A colheita foi realizada quando 90% das vagens ultrapassaram a maturação completa e para calculo da produção considerou-se grãos como 10% umidade. O numero de ramos /planta e numero de grãos/vagem foram semelhantes entre os tratamentos, variando entre 2,1-2,5 e 4,1 ramos/planta e 4,4 grãos/vagem. O numero de vagens/planta e massa seca media dos grãos (mg/grão) entre os tratamentos foram 12,8; 16,6; 15,5; 12,9 e 285,4; 288,7; 240,2; 252.9 para os tratamentos T0, T1, T2 e T3, respectivamente. A correlação de Pearson (r), entre produção de grãos comerciais e o numero de vagens/planta (r=0,878; P=≤0,0001) e número de grãos/planta e número de vagens/planta (0,940; P≤0,0001) foram altas e positivas. Dos resultados, pode observar-se influencia positiva da elevação das concentrações de CO2 no numero vagens por planta e em consequência do numero de grãos por planta, e ação antagônica da elevação das [O3] no numero de vagens. A posição intermediaria dos resultados da elevação combinada das [CO2] e [O3], evidenciou que os efeitos nocivos do O3 pode ser reduzido pelas maiores concentrações de CO2 no ambiente de crescimento. Conclui-se que o aumento de CO2 em ambientes de futuro favorecer a produção de feijão (cv. VR19/UFV) por aumentar o número de vagens/planta e aumentar a massa seca média dos grãos, e num ambiente onde continue o aumento de O3, a elevação das [CO2] pode mitigar os efeitos negativos do O3 nos componentes de rendimento antes indicados. |