Resumo |
Introdução: A obesidade, definida como um acúmulo excessivo de gordura corporal, é uma doença crônica multifatorial, apresentando um elo com as doenças crônicas não transmissíveis. Nesse contexto, os hábitos alimentares têm um papel fundamental no controle do peso corporal. De fato, o padrão alimentar ocidental, com alto consumo de carnes vermelhas, gordas e processadas tem sido associado com a obesidade e doenças cardiometabólicas. Em contra partida, o consumo de carnes brancas, magras e ovos tem se mostrado um fator protetor. Objetivo: Avaliar o consumo de carnes vermelhas, gordas e embutidos e de carnes brancas e ovos com relação a ocorrência de excesso de peso, na linha de base da Coorte das Universidades MinEiras (CUME). Métodologia: Estudo transversal da Coorte CUME, com 3.151 participantes (2.197 mulheres), ex-alunos da Universidade Federal de Viçosa (UFV) e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com idade média de 36,3 anos. A coleta de dados foi realizada por meio de questionário online. Foram respondidas questões relacionadas às características sociodemográficas, estilo de vida e dados antropométricos. Ademais, os participantes preencheram um Questionário de Frequência de Consumo Alimentar (QFCA), validado, com 144 itens alimentares, utilizado para gerar o consumo diário do grupo de carnes vermelhas, gordas e embutidos e do grupo carnes brancas, magras, peixes/mariscos e ovos. O peso e a altura auto relatados foram utilizadas para calcular o índice de massa corporal (IMC). O estudo foi aprovado pelos Comitês de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da UFMG e da UFV (n° parecer 596.741-0). Resultados: Dos 3.151 participantes, 69,7% eram do sexo feminino. A prevalência de excesso de peso foi de 39,2%. O último quartil (maior consumo de carnes vermelhas, gordas e embutidos) apresentou maior proporção de não fumantes (p<0,001), praticantes de atividade física (p<0,001), maiores valores de IMC (p<0,001), mesmo após ajuste por sexo, tabagismo, idade, atividade física e consumo de álcool (p<0,001) e esteve positivamente associado à maior ocorrência de excesso de peso, na amostra total (RP=1,30, IC:1,16–1,46) nos homens (RP=1,16, IC:1,01–1,35) e mulheres (RP=1,45, IC:1,27–1,72) independente dos fatores de confusão. O último quartil (maior consumo de carnes brancas, magras, peixes/mariscos e ovos) apresentou maior proporção de não fumantes (p<0,001), praticantes de atividade física (p<0,001), porém, apresentou menores valores de IMC (p<0,001), mesmo após ajuste (p<0,001) e esteve positivamente associado à menor ocorrência de excesso de peso, na amostra total (RP=0,75, IC:0,66–0,85) nos homens (RP=0,80, IC:0,67–0,95) e mulheres (RP=0,69, IC:0,58–0,82) independente dos fatores de confusão. Conclusões: O maior consumo de carnes vermelhas, gordas e embutidos esteve associado à maior ocorrência de excesso de peso, ao contrário do maior consumo de carnes brancas, magras, peixes/mariscos e ovos que esteve associado à menor ocorrência do mesmo. |