Resumo |
Nas últimas décadas, o Brasil tem passado por uma transição epidemiológica e nutricional, com aumento do excesso de peso e das doenças crônicas não transmissíveis e estilo de vida não saudável (hábitos alimentares inadequados e inatividade física), respectivamente. Nesse sentido, o presente estudo teve como objetivo caracterizar o consumo e práticas alimentares em participantes da coorte das Universidades Mineiras (CUME), residentes no estado de Minas Gerais. Trata-se de um estudo realizado com dados da linha de base do projeto Coorte de Universidade MinEiras (CUME) cujo os participantes são egressos de instituições mineiras de ensino superior. A coleta de dados foi realizada mediante aplicação de um questionário online contendo questões sobre saúde e estilo de vida. O consumo alimentar habitual foi avaliado mediante do questionário de frequência do consumo alimentar quantitativo, aplicado também online. Participou deste estudo uma subamostra de 2.237 voluntários, dos quais 71,5% foram mulheres e 58,3%, adultos jovens (20-35 anos). A prevalência de excesso de peso nos adultos (35-60 anos) foi maior comparada à dos idosos (51,5% vs. 36,4%, p<0,001), enquanto os homens apresentaram maior prevalência de excesso de peso (IMC ≥25 kg/m²), comparado às mulheres (53,7% vs. 34,3%, p<0,001). Nas mulheres, o consumo de grupos alimentares não saudáveis, como carnes vermelhas (RP=1.23, IC95%: 1.04-1.46), carnes processadas/embutidos (RP=1.27, IC95%: 1.07-1.49), bebidas artificiais (RP=1.29, IC95%: 1.09-1.52) e ingredientes culinários (RP=1.56, IC95%: 1.33-1.83), o último tercil de consumo se associou positivamente com a ocorrência de excesso de peso, enquanto o maior consumo de ovos (RP=0.81, IC95%: 0.69-0.95), leguminosas (RP=0.83, IC95%: 0.70-0.98), óleos vegetais (RP=0.79, IC95%: 0.67-0.93), suco natural (RP=0.85, IC95%: 0.72-0.99) e oleaginosas (RP=0.82, IC95%: 0.70-0.96), associou-se negativamente, independente das variáveis de confusão (idade, atividade física, tabagismo, etilismo, TV horas/dia, sono horas/noite, consumo de gordura saturada e açúcar de adição). Não foram encontradas associações significantes para os homens (p>0,05 ). Como conclusões, o consumo de alimentos fontes de proteínas, bem como tipos de sucos apresentaram associação significativa com a ocorrência de excesso de peso entre as mulheres mineiras do estudo CUME, indicando a importância de estratégias de educação alimentar e nutricional. |