Resumo |
A vigilância de epizootias em primatas não humanos (PNH) consiste essencialmente em captar informações, oportunamente, sobre adoecimento ou morte destes animais e investigar adequadamente esses eventos, com a finalidade de subsidiar a tomada de decisão para a adoção de medidas de prevenção e de controle e reduzir a morbimortalidade da doença na população humana em áreas afetadas. Na microrregião a que Imbé de Minas pertence ocorrem 5 gêneros de PNHs: Alouatta, Sapajus, Callithrix, Calicebus e Brachytelles, todos susceptíveis à infecção pelo vírus da febre amarela, sendo os gêneros Alouatta e Callithrix os mais sensíveis. Por serem os principais hospedeiros do vírus da febre amarela no ciclo silvestre, a identificação e notificação de PNH, mortos ou debilitados, são de grande importância no que diz respeito à investigação e detecção precoce das áreas de circulação do vírus, além de outras zoonoses de interesse como dengue, hepatite e raiva. Assim buscou-se avaliar o perfil das notificações de ocorrência de epizootias em PNH no município de Imbé de Minas, durante o período de surto de febre amarela em 2016 e 2017. Para tal foi analisado o banco de dados de monitoramento de epizootias do município no período de agosto de 2016 a fevereiro de 2017 fornecido pela Secretaria Municipal de Saúde e observados o número de notificações, período de ocorrência, quantidade, identificação dos animais encontrados, amostras coletadas, exames realizados e seus resultados. Dos 11 casos registrados, 9% ocorreram em agosto; 9% em outubro; 27,5% em dezembro; 36,5% em janeiro e 18% em fevereiro. Contabilizou-se 23 mortes de PNH, das quais 8 foram em outubro e 8 em dezembro, perfazendo 50% dos casos. Apenas 6 animais tiveram o gênero identificado – 2 Calicebus; 2 Alouatta; 1 Sapajus e 1 Callithrix. Quanto à investigação laboratorial e diagnóstico, há registro de material coletado não especificado de um barbado, cujo resultado foi inconclusivo e de orelha direita de outro indivíduo e, embora o resultado laboratorial não tenha sido descrito, o caso foi diagnosticado como febre amarela. Das notificações 18% foram diagnosticadas como febre amarela sem respaldo analítico. Houve certa dificuldade de interpretação dos dados em decorrência de incongruências e falta de padronização de informações além da ausência de preenchimento dos itens constantes no banco de dados. A elevada notificação de morte de PNH coincidiu com os meses de incidência de casos por febre amarela em humano. São de suma importância a verificação da vigilância de epizootias e o correto registro das informações ao longo do ano e não somente durante o período sazonal de ocorrência do vírus, para que ações de prevenção e combate a esta e outras zoonoses sejam eficazes. É fundamental o desenvolvimento de campanhas de educação ambiental esclarecendo o papel dos PNH no ciclo da doença junto ás comunidades que residem e próximo a ambientes florestados, evitando assim maiores impactos nas populações ainda restantes. |