Resumo |
As Empresas Juniores (EJs) da Universidade Federal de Viçosa (UFV) estão inseridas em uma rede denominada Movimento Empresa Júnior (MEJ) do qual fazem parte as empresas individuais, os núcleos (instância local), as federações (nível estadual) e a confederação (nível nacional). A noção de rede proposta pelo MEJ se refere à estrutura e seus mecanismos de gestão, onde cada instância tem suas atribuições e programas específicos e os agentes atuam de forma integrada. O recorte do trabalho é centrado na Central Estudantil de Empresas Juniores da UFV (CEEMPRE), o núcleo local, no período de 1998, sua criação até o ano de 2017. Como modelos de análise, as teorias que se mostraram mais pertinentes ao tema proposto foram a Teoria das Elites e a Teoria da burocracia. O enfoque se deu nas categorias “liderança” e “gestão”. Popularmente, o termo “elite” é utilizado para designar grupos hierarquicamente superiores dentro de uma organização burocrática, ou seja, as lideranças. Na abordagem de Michels (1982), “liderança” nem sempre diz respeito a uma só pessoa, pode ser atribuída a um grupo. Liderança é resultado do processo de especialização e da capacidade de influenciar pessoas e angariar seguidores. Já o termo gestão designa direcionamento, mecanismos processuais para alocação eficiente de recursos materiais e imateriais, o sentido da burocracia atribuído por Weber (1966). O objetivo geral deste estudo é identificar os elementos apontados pela teoria burocrática de Weber presentes na CEEMPRE e o processo de formação e perpetuação das lideranças segundo a teoria das elites de Michels. Para alcançar tal objetivo utilizou-se como recurso metodológico o estudo descritivo com tratamento qualitativo de dados por meio de análise de conteúdo. Para a coleta de dados foram utilizados dados documentais, bibliográficos e formulário online por meio da plataforma google forms. Dentre os principais resultados, observou-se que a CEEMPRE se caracteriza como uma organização burocrática por apresentar relativo grau de formalização, divisão do trabalho, graus de hierarquia, impessoalidade, competência técnica e busca por profissionalização. Como tal, apresenta também muitos elementos da disfunção da burocracia, como a resistência às mudanças, despersonalização dos relacionamentos, concentração de tomadas de decisão. Já a formação de um grupo dirigente (elite) é concomitante ao processo de fundação e estruturação da Central. É possível perceber a importância da atuação das lideranças para sua consolidação dentro da UFV e para as conquistas políticas e econômicas. Conclui-se que os mecanismos organizacionais da burocracia contribuem e favorecem para a manutenção de um grupo dirigente do MEJ/UFV, onde a utilização consciente e deliberada de um conjunto de regras, crenças e atitudes fazem com que os demais membros interpretem e operem na direção e no sentido previamente determinado. |