Resumo |
Introdução: A elevada prevalência de sobrepeso/obesidade na infância e adolescência, observada nos últimos anos, pode ser uma resposta da associação entre o estilo de vida adotado (tais como baixos níveis de atividade física) e as características do ambiente onde o sujeito se encontra, sendo de preocupação em termos de saúde pública. Portanto, intervir junto à população pediátrica para alteração deste quadro parece ser de inegável importância, sobretudo diante das evidências de que hábitos adquiridos nessa fase da vida tendem a ser reproduzidos na vida futura, com repercussões negativas na saúde do sujeito, tais como o surgimento de doenças crônicas com ligação direta ao excesso de peso. Objetivo: avaliar a composição corporal, competência motora, níveis de atividade física, aptidão cardiorrespiratória e indicadores de saúde de crianças dos 6 aos 10 anos de idade, e identificar variáveis preditoras, a nível de sujeito e do contexto escolar, da atividade física e do índice de massa corporal (IMC). Metodologia: Foram avaliados 184 sujeitos, de ambos os sexos, dos quais foram obtidas informações demográficas, por meio de questionário, bem como acerca da atividade física, composição corporal, competência motora (real e percebida), aptidão cardiorrespiratória, e indicadores de saúde (perímetro da cintura, IMC e tensão arterial); e informações do ambiente escolar. As análises estatísticas foram realizadas no software SPSS 20, tendo sido utilizados o teste não paramétrico de Mann-Whitney e a regressão linear, mantendo o nível de significância em 5%. Resultados: Como principais resultados encontrados, pode-se destacar a elevada prevalência de sobrepeso/obesidade (≈25%), os baixos níveis de atividade física das crianças (86,4% e 83,7% da amostra apresentaram níveis insuficientes de atividade física nos dias de semana e final de semana, respectivamente), bem como de competência motora (77,7% da amostra com valores abaixo da média). Dos preditores estudados, há um efeito positivo da idade, competência motora e aptidão cardiorrespiratória sobre o IMC, e do sexo e competência motora percebida sobre a atividade física; das variáveis do contexto escolar, apenas o espaço para o recreio apresentou efeito positivo para o IMC. Conclusão: Estes resultados revelam a necessidade de desenvolvimento de estratégias que visem o incremento da competência motora e aptidão física das crianças, por forma a promover incrementos em seus níveis de atividade física, bem como melhorias no estado de saúde, nomeadamente na manutenção de um peso corporal saudável, conduzindo à redução de riscos de desenvolvimento de problemas associados ao sedentarismo e excesso de peso, tanto na infância quanto na vida adulta. |