Resumo |
Em todo o mundo há crescente demanda na produção agrícola para atender à necessidade alimentícia da população. Ao mesmo tempo, doenças vegetais importantes diminuem a produtividade das principais culturas utilizadas na alimentação animal. Há uma grande busca por métodos de controle de doenças que sejam alternativos aos químicos empregados na agricultura. Microrganismos endofíticos são estudados como alternativa ecológica e promissora no controle de doenças, devido à característica de produzirem metabólitos secundários que controlam o crescimento de fitopatógenos. Assim, este trabalho teve como objetivo extrair e avaliar o potencial de lipopeptídeos produzidos por bactérias endofíticas para o controle do crescimento de fitopatógenos. Para isso, foram utilizadas as bactérias Bacillus amyloliquefaciens e B. subtilis isoladas de seringueiras (Hevea ssp.) da Floresta Amazônica Brasileira. As bactérias foram cultivadas em meio Luria Bertani (LB) por 24 h com agitação contínua. Posteriormente, as culturas foram centrifugadas, foi coletado o sobrenadante e foi realizada a precipitação ácida dos lipopeptídeos por meio da adição de ácido clorídrico (HCl) até o pH 2,0. Após incubação a 8 ºC por 24 h, os lipopeptídeos precipitados foram recuperados por centrifugação e dissolvidos em água destilada, ajustando-se o pH para 7,0. As amostras foram liofilizadas por 24 horas para obtenção do extrato bruto (EB). O EB foi analisado por cromatografia em camada delgada (CCD), utilizando-se padrões dos lipopeptídeos surfactina, iturina e fengicina como referência. O EB foi testado quanto à capacidade de reduzir o crescimento micelial de diferentes fitopatógenos: Sclerotinia sclerotiorum, Colletotrichum lindemuthianum (raça 89), C. karstii e C. laticiphilium. Os fitopatógenos foram inoculados em placas de Petri com meio batata dextrose ágar (BDA) contendo as concentrações 0, 25, 50 e 100 µg do EB/mL de BDA. A avalição do crescimento micelial foi feita após 7 dias de incubação a 25 ºC. A produção de lipopeptídeos foi observada somente para o isolado da espécie B. amyloliquefaciens. Após a realização da cromatografia em camada delgada do EB, observou-se a possível presença de surfactina, iturina, fengicina e de um lipopeptídeo não correspondente aos padrões usados. O EB foi capaz de reduzir o crescimento micelial de alguns fitopatógenos. A maior inibição ocorreu na concentração de 100 µg do EB/mL de BDA, que reduziu 33,62%, 38,45%, 55,87% do crescimento micelial dos fitopatógenos C. laticiphilium, C. karstii e C. lindemuthianum (raça 89), respectivamente. Com isso, foi observado que o isolado B. amyloliquefaciens endofítico de seringueira é possivelmente produtor de diferentes lipopeptídeos, os quais reduzem o crescimento de fitopatógenos. Os resultados incentivam uma melhor caracterização dos lipopeptídeos e testes com dosagens maiores do EB para avaliar o potencial destes lipopeptídeos para emprego biotecnológico. |