Resumo |
Estima-se que morram mais de 1,3 milhões de animais por dia em rodovias, o que por ano representa até 475 milhões de atropelamentos no Brasil. Devido ao crescente número de atropelamentos de fauna é imprescindível entender padrões de ocorrência e grupos mais afetados, para que assim haja a possibilidade de aplicação de políticas públicas em torno da questão. Por esse motivo, o presente estudo teve como objetivo registrar o impacto causado por atropelamentos de fauna, identificar os possíveis grupos mais afetados e as áreas de maior ocorrência. Testamos a hipótese de que os impactos causados à fauna aumentam com a aproximação ao centro urbano. A coleta de dados foi realizada na Rodovia MG-280 entre Viçosa e Paula Cândido. Optamos por fazer o monitoramento de bicicleta, por permitir uma observação mais detalhada de animais de menor porte na via. Fizemos duas amostragens semanais durante os meses de março a junho de 2018 (total de XX amostragens). Dividimos a extensão da via em 20 trechos de 500m cada, totalizando 10 km de monitoramento. Durante o monitoramento contávamos todas carcaças de animais encontradas, marcávamos os pontos de ocorrência com auxílio de um GPS e as fotografávamos para posterior identificação taxonômica. Para cada animal atropelado atribuímos um número de registro, data, hora, espécie, nome popular, coordenadas e trecho da via. Para avaliar se a distância da cidade influencia o número de atropelamentos utilizamos uma regressão logística com distribuição de Poisson, sendo os trechos em Km a variável independente e o número de animais mortos a variável resposta. Além disso, fizemos o cálculo da taxa de atropelamento, obtendo-se o número de indivíduo por quilômetro por dia (ind./km/dia) para as classes encontradas e para cada espécie em relação ao número total de registros, com isso, obtivemos um valor para o impacto causado a cada uma delas. Também plotamos os registros em um mapa no programa GoogleEarth para representar os pontos de maior ocorrência de atropelamentos da via (hotspots). Nossos resultados mostram que os répteis foram os mais afetados por atropelamento nesse trecho da rodovia MG–280 (77 registros), seguidos por anfíbios (54 registros), aves (26 registros) e mamíferos (13 registros). Observamos ainda, que existe uma correlação negativa entre a proximidade do centro urbano e aumento das ocorrências de atropelamentos de animais, diferente do que esperávamos. Assim nosso trabalho mostra que políticas públicas para mitigação desses impactos seriam mais eficientes em trechos mais distantes dos centros urbanos. Igualmente foi demonstrado que as classes animais de pequeno porte são as mais afetadas, contudo as mesmas podem ser pouco representadas em outros estudos devido ao método de amostragem utilizado (carro). |