Resumo |
A silagem de cana-de-açúcar é muito utilizada na alimentação de ruminantes em países de clima tropical em função da facilidade do plantio, alta produtividade e alto teor de açúcares solúveis. No entanto, durante a ensilagem, as perdas de matéria seca e a fermentação alcoólica podem ser elevadas, reduzindo o valor nutricional e a palatabilidade da silagem de cana utilizada na alimentação de bovinos. Neste trabalho, o objetivo foi caracterizar a sucessão bacteriana durante o processo de ensilagem da cana-de-açúcar, visando expandir o conhecimento sobre os microrganismos que influenciam a fermentação e a qualidade nutricional da silagem de cana. A cana-de-açúcar foi processada em máquina picadeira e incubada em condições anaeróbias em mini-silos contendo 500 g de forragem picada e selados a vácuo. Os mini-silos foram incubados em temperatura ambiente e amostras foram coletadas após 1, 3, 7, 14, 21 e 28 dias de fermentação para enumeração de bactérias lácticas e extração de DNA metagenômico pelo método de fenol-clorofórmio. O sequenciamento de amplicons (gene do rRNA 16S) foi realizado na plataforma Illumina e as sequências foram analisadas no software Mothur, utilizando como referência para alinhamento e classificação os bancos de dados Silva e GreenGenes. Weissella foi o gênero bacteriano mais abundante no 1º dia de fermentação, representando 49,6% da população. A predominância de Weissella reduziu ao longo da ensilagem, sendo o contrário observado para o gênero Lactobacillus, o qual aumentou em abundância relativa durante a fermentação e predominou a partir do 14º dia, representando 51,07% da população bacteriana. O gênero Leuconostoc foi abundante no 3º dia de fermentação, mas não foi detectado na fase final da ensilagem. Os resultados indicaram que a espécie Weissella cibaria predominou durante todo o processo fermentativo, demonstrando boa adaptação na cana-de-açúcar. Estudos posteriores irão investigar o uso potencial dessa bactéria como inoculante biológico para a ensilagem da cana-de açúcar. |