Resumo |
O final do século XIX foi marcado por uma série de políticas voltadas ao “desenvolvimento” nacional, dentre elas o estímulo à imigração, estimulado pelo fim da escravidão, processos que engendraram a paulatina transformação do regime de trabalho escravo para o livre. Em Minas Gerais, tais políticas compuseram um projeto territorial que visava, em primeiro plano, a colonização e o povoamento dos vazios deste vasto território, concomitante a uma expansão produtiva. Tais políticas, que eram sustentadas pelo discurso do “progresso”, colocavam a necessidade da presença do europeu para civilizar a nação, sendo elaboradas por membros da elite agrária mineira com o interesse de impulsionar seus negócios. Afinal, na substituição do trabalho escravo pelo livre, principalmente nas grandes lavouras de café, o ritmo da produção não poderia cair. O periódico juiz-forano O Pharol, que circulou no período de 1870 a 1939, apresentava os discursos de uma das cidades mais importantes de Minas Gerais, situada no caminho para o Rio de Janeiro e centro da região cafeeira da Zona da Mata. O jornal trazia em suas tiragens, contundentes posicionamentos políticos e ideológicos dos grupos que tinham a proposta de incentivar a imigração no estado, argumentando a necessidade de torná-lo mais desenvolvido. Tendo em vista tal questão, o presente trabalho tem por objetivo analisar os discursos juiz-foranos acerca da imigração entre os anos 1880 e 1892, sincrônico às políticas imigratórias promulgadas na província mineira e no Império, de forma a entender como os interesses da elite agrária intervieram em tais políticas e no desenvolvimento do projeto territorial. O recorte proposto contempla o momento anterior aos discursos que proclamavam à necessidade do trabalhador livre em Minas Gerais, correspondendo a pouquíssimas publicações que fazem referência ao imigrante nacional; até que surgem discursos sobre o iminente fim do regime escravo. Esta mudança é acompanhada pelo consequentemente aumento de publicações que ressaltam a necessidade da presença do estrangeiro na lavoura em crise, visando potencializá-la. Após a Abolição, em 1888, os anseios, às incertezas e inquietações continuam presentes nos discursos emanados pelas elites mineiras através do periódico, mas em 1893, instaurada a República Velha, tem-se o afastamento gradual da União nas políticas imigratórias; processo que é visualizado no jornal através da diminuição das falas que ressaltavam a necessidade de introdução dos estrangeiros no estado. |