Resumo |
O leite materno deve ser o único alimento oferecido aos bebês durante os seis primeiros meses, pois estimula o vínculo mãe e filho, protege contra infecções e alergias, além de trazer benefícios econômicos. No Brasil, o gasto médio mensal com a compra de leite varia de 38% a 133% do salário-mínimo, dependendo da marca da fórmula infantil. O objetivo desse estudo foi avaliar a associação entre o tipo de amamentação e a renda familiar de mães atendidas por um programa de apoio a lactação. Trata-se de um estudo transversal, que avaliou 1570 mães e respectivos filhos, a partir de dados secundários dos prontuários do Programa de Apoio a Lactação (PROLAC), que é um projeto de extensão do Departamento de Nutrição e Saúde da Universidade Federal de Viçosa, que atua em parceria com Hospital São Sebastião. Foram utilizados dados de mães atendidas no período de agosto de 2003 a dezembro de 2017, que foram processados no software SPSS versão 23.0. Para análise estatística, a renda foi categorizada em 2 grupos, maior ou menor igual a dois salários mínimos. O aleitamento materno foi classificado em aleitamento materno exclusivo e outros (aleitamento materno predominante; aleitamento materno misto; aleitamento artificial e aleitamento materno complementar), sendo avaliado no primeiro, quarto e sexto mês de vida da criança. A idade materna foi categorizada em adultas (≥ 20 anos) e adolescentes. Para caracterização da amostra utilizou-se frequências absolutas e relativas. Conduziu-se o teste Qui- quadrado de Pearson para verificar a possível associação entre a renda familiar e o tipo de aleitamento no primeiro, quarto e sexto mês de vida. Foram excluídas as mães com dados de renda, idade e trabalho materno ausentes ou que os filhos foram a óbito. O nível de significância adotado para os testes estatísticos foi α=0,05. Da amostra avaliada, 50,2% eram crianças do sexo masculino, 44,8% das mães tinham vínculo empregatício, 74,7% eram adultas, 50,7% tinham renda familiar inferior a dois salários mínimos. Além disso, 58,6% das crianças mantiveram-se em aleitamento materno exclusivo até o primeiro mês de vida, sendo que do total avaliado inicialmente, 63,6% foram atendidas até o quarto mês e 50,8% destas estavam em aleitamento materno exclusivo, já no sexto mês, 49,9% da amostra foi avaliada e apenas 35,6% destas receberam aleitamento materno exclusivo até o sexto mês. Houve associação entre a renda familiar e o tipo de aleitamento no primeiro mês (p = 0,009), sendo que dentre as mães que tinha renda superior a dois salários mínimos, a prevalência de aleitamento materno exclusivo foi de 61,8%, superior as mães com renda menor igual a dois salários em que a prevalência foi de 55,4%. Não foram observadas associações significativas entre a renda e o aleitamento até o quarto e sexto mês e com as variáveis trabalho e idade materna. Portanto, a maior renda se associou a maior duração do aleitamento materno exclusivo. |