Resumo |
O arsênio (As) é um metaloide amplamente distribuído no meio ambiente. Estudos recentes evidenciam que animais adultos expostos a diferentes formas de arsênio apresentam efeitos negativos sobre órgãos reprodutores e fígado. No entanto, não se sabe qual o efeito do arsênio sobre o fígado de animais em fase de crescimento, bem como o comprometimento de suas funções na fase adulta. Sabe-se que o fígado é um dos órgãos mais importantes do corpo, sendo responsável por funções como o metabolismo de lipídeos, proteínas e glicose, síntese de proteínas plasmáticas, secreção da bile e biotransformação de fármacos, nutrientes e toxinas. Desse modo, o objetivo deste estudo foi avaliar parâmetros morfológicos e proteicos do fígado em ratos Wistar expostos ao As na água de beber durante o período pré-puberal. Animais recém desmamados, de 21 dias de idade, foram divididos em dois grupos experimentais, grupo controle (C; n=10) e grupo arsênio (As; n=10), e foram tratados com água filtrada e solução de arsenito de sódio na concentração de 10 mg/L, respectivamente. O tratamento diário ocorreu por 29 dias, quando os animais atingiram 50 dias de idade, e a eutanásia realizada no 51º dia de experimento. Os fígados foram dissecados, pesados em balança de precisão, bem como mensurados quanto ao volume do órgão por deslocamento de líquido. Já o sangue dos animais foi obtido por punção cardíaca e centrifugado a 700 x por 15 min, para obtenção do soro. A partir dele, realizou-se análises bioquímicas de transaminase glutâmico-pirúvica (TGP), transaminase glutâmico oxalacética (TGO) e fosfatase alcalina utilizando-se testes colorimétricos Bioclin. Os resultados foram submetidos ao teste t de Student (P < 0,05) pelo programa utilizando o software Graph-Pad Prism. Não foram observadas diferenças entre os grupos experimentais para peso do órgão (C=11,07 ± 0,5180 g; As=11,64 ± 0,3613 g), volume do órgão (C=30,14 ± 0,05570 mL; As=30,14 ± 0,03674 mL), TGP (C=81,00 ± 3,050 U/L; As=64,60 ± 8,400 U/L) e fosfatase alcalina (C=412,1 ± 41,60 U/L; As=379,6 ± 27,23 U/L) (P > 0.05). No entanto, os valores de TGO apresentaram-se menores em animais expostos ao As (As=173,6 ± 11,86 U/L) quando comparados aos animais controle (C=206,5 ± 9,620 U/L; P < 0,05). Pode-se concluir que animais expostos ao arsenito de sódio a 10 mg/L no período pré-púbere tiveram apenas o metabolismo de aminoácidos comprometidos, uma vez que a atividade da enzima transaminase glutâmico oxalacética foi afetada. Os outros parâmetros hepáticos, no entanto, não foram afetados. |