Resumo |
Rotineiramente, tem sido observado nos estudantes uma mudança no interesse pelos estudos para uma postura mais indisciplinada e desmotivada; o que tem desafiado a escola na tentativa de resgatar a motivação e engajamento desses pelo conhecimento. Nesse contexto, surgem inúmeras propostas pedagógicas mobilizadas por pesquisadores de diferentes áreas para solucionar o problema e promover um ensino mais interessante e significativo para o estudante. Dentre elas, destacamos a proposta Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS), para o ensino de Química, que se apresenta como uma alternativa viável à formação de indivíduos que, hoje, vivem em contextos diretamente influenciados pelos avanços alcançados pelo desenvolvimento científico e tecnológico. E é diante dessa necessidade de renovação e da possibilidade de mudança oportunizada pela incorporação das dimensões CTS nos currículos, que esse estudo emerge, no contexto de uma Escola Pública da Cidade de Viçosa-MG, onde verificou-se que os estudantes matriculados na disciplina de Química, na 3ª série do Ensino Médio, não estavam correspondendo a um resultado satisfatório no aprendizado da disciplina e propôs-se a analisar a relação com o saber desses estudantes, mais especificamente, com o conhecimento químico. Optamos por uma abordagem qualitativa de pesquisa, com base no Estudo de Caso, o qual consideramos adequado ao objetivo do estudo devido a necessidade de uma análise contextualizada, situada e em profundidade. Foram realizadas, também, observações em sala de aula e na escola, fundamentais para levantar algumas hipóteses do estudo. Após a realização das observações, foram aplicados aos estudantes um questionário socioeconômico e realizou-se um Grupo Focal para aprofundamento e discussão de algumas questões. Os principais resultados apontam para uma relação com o saber marcada pela negatividade, aversão, acriticidade e repulsa em relação aos estudos e ao conhecimento; para uma baixa mobilização dos estudantes na sala de aula de Química e para o aprendizado dessa disciplina. Verificou-se, ainda, uma dificuldade relevante dos estudantes no que diz respeito a resolução de problemas, formulação de hipóteses, à linguagem química e uma carência em conhecimentos anteriores necessários ao aprendizado dos novos conteúdos, que não são trabalhados em sala de aula pelo professor, e cujos sintomas são percebidos nos sentimentos de desmotivação, ansiedade e baixa autoestima. A dimensão afetiva também foi considerada importante nas nossas análises, principalmente no que se refere à pouca valorização do aluno como sujeito histórico e em construção permanente no processo de ensino. Nesse sentido, percebemos uma relação com o saber desses estudantes marcada por uma ausência de sentido em relação ao conhecimento e ao conhecimento químico, que impacta negativamente o seu aprendizado e a sua postura frente aos estudos, naturalizando sua situação de fracasso e baixa mobilização em relação à Escola. |