Resumo |
A problemática dos RSU está intimamente ligada à poluição atmosférica, pois uma parcela considerável dos GEEs é advinda da má destinação final desses resíduos. Objetivou-se apresentar um panorama dos RSU no Brasil e os impactos causados pela emissão de gases dos incineradores, lixões e aterros sanitários. Ainda que 91% dos RSU sejam coletados e que 60% dos resíduos gerados no país sejam destinados a aterros sanitários, os 40% restantes correspondem a 30 milhões de toneladas por ano, dispostas em lixões ou aterros controlados. A composição desses resíduos é extremamente variada, mas estima-se que 50% seja de matéria orgânica, que libera GEEs durante sua decomposição. O processo de incineração consiste na combustão controlada dos resíduos, onde são gerados gases SO2, N2 e O2, além de água, cinzas, e escórias, porém, quando a combustão ocorre de forma incompleta, os gases e as partículas exercem forte ação poluidora na atmosfera. A maior parte dos municípios brasileiros ainda faz uso dos chamados lixões, uma forma de disposição desprovida de qualquer controle ou tratamento dos gases emitidos, onde os principais problemas de poluição do ar se dão pela geração de GEEs e maus odores, constituídos basicamente de matéria orgânica decomposta. Por sua vez, a disposição dos RSU no solo por meio dos aterros sanitários é o método mais utilizado de estocagem e apresenta menor custo, sendo os principais impactos ambientais desta forma de destinação a emanação de odores e a geração de gases, com registros de metano permanecendo por duas a três décadas após o fechamento do aterro. Os gases provenientes dos aterros contribuem para o aumento das emissões globais de metano, sendo responsáveis por até 20% do metano advindo de fontes antropogênicas. Ainda que a maior parte dos RSU seja coletada no Brasil, uma parcela significativa ainda é descartada sem qualquer medida de proteção ambiental ou social e, no que se refere à poluição atmosférica, os próprios processos de tratamento e disposição final dos RSU também contribuem para emissão de gases ou de material particulado, intensificando o efeito estufa e a poluição. A simples queima do metano em aterros já asseguraria um benefício ambiental, ao converter o CH4 em CO2, mais facilmente sequestrado e menos nocivo, porém, o aproveitamento energético por incineradoras ou pela transformação do CH4 em energia elétrica em aterros sanitários são opções de maior rendimento. |