Resumo |
A técnica de digestibilidade in vitro tem sido utilizada para avaliação de alimentos para ruminantes por apresentar resultados de forma rápida, menos onerosa, menos invasiva e que apresenta forte correlação com os resultados de digestibilidade obtidos in vivo. Para realização de ensaios de digestibilidade in vitro, há a necessidade do uso de soluções tampão, cujo objetivo é reproduzir a composição química da saliva dos modelos in vivo. Contudo, diferentes tipos de soluções tampão podem ser utilizadas, podendo estas apresentar capacidade tamponante diferente, resultando em discrepâncias nos resultados obtidos. Adicionalmente, questiona-se se a utilização de ureia em tais soluções poderia reduzir o poder discriminatório entre amostras, principalmente por favorecer a utilização microbiana de alimentos de menor qualidade. Assim, objetivou-se com este trabalho comparar os valores de digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS) e da fibra em detergente neutro (DIVFDN) de forragens e concentrados com uso de duas soluções tampão (Kansas e McDougall) adicionadas ou não de ureia. Os ensaios de digestibilidade in vitro foram realizados utilizando a fermentadora artificial TE-150 (Tecnal) e filter bags confeccionados em tecido não-tecido (100 g/m2), com dimensões 4 × 4,5 cm. Foram avaliadas 25 amostras de forragens e 25 de concentrados, sendo cada grupo de amostras avaliado em três baterias consecutivas. Todas as amostras foram analisadas quanto aos teores de matéria seca, proteína bruta e fibra em detergente neutro. As análises de variância foram realizadas por intermédio do procedimento MIXED do SAS 9.4, em esquema fatorial 2 × 2, adotando-se α = 0.05. Para o cálculo das repetibilidades e variâncias entre amostras, obteve-se os componentes de variância entre amostras e residual pelo método da máxima verossimilhança restrita. Interação entre tampão e uso de ureia foi observada para as DIVMS e DIVFDN de forragens (P<0,04), com valores superiores com uso do tampão de McDougall adicionado de ureia (P<0,05). Nas amostras de concentrado, interações não foram observadas (P>0,10), porém valores superiores foram observados com uso do tampão de McDougall (P<0,01). Em geral, os valores de repetibilidade foram menores com uso do tampão de McDougall, enquanto a adição de ureia reduziu a variância entre amostras. Conclui-se que o uso da solução tampão de McDougall propicia maiores valores de DIVMS e DIVFDN e que a utilização de ureia tende a reduzir o poder discriminatório entre amostras. |