Resumo |
O urucum é um arbusto da família Bixaceae, considerado importante alimento funcional e única fonte explorada para a produção do pigmento carotenoide bixina, um corante natural amplamente utilizado nas indústrias alimentícia, farmacêutica, cosmética e têxtil. Os carotenoides absorvem a luz em diferentes espectros e são capazes de proteger a clorofila contra a oxidação causada pelo excesso de luz. Assim, a qualidade e quantidade lumínicas afetam o sistema fotossintético e, consequentemente, o desenvolvimento das plantas. Porém, na literatura não existem relatos da influência desses fatores em plantas de urucum cultivadas in vitro. Objetivou-se no presente estudo verificar a influência da luz no desenvolvimento in vitro de urucum. Como explantes, foram usados ápices caulinares (± 1 cm) derivados de plantas estabelecidas in vitro a partir de sementes e repicadas, mensalmente, em meio JADS adicionado de 4,56 μM de zeatina, sendo os explantes posteriomente transferidos para meio JADS com 5 µM de ácido indolbutírico. As culturas foram mantidas em sala de crescimento com fotoperíodo de 16 h e 25 ± 2 °C e irradiância de 50 µmol m-2 s-1. Para avaliar a influência da irradiância, ápices caulinares foram cultivadas sob 50, 150 e 200 µmol m-2 s-1, por 45 dias, e sob 50 µmol m-2 s-1, por 15 dias e, em seguida, transferidos para 50, 150 e 200 µmol m-2 s-1, onde permaneceram por mais 30 dias de cultivo. Já para avaliar a influência da qualidade lumínica, os ápices caulinares foram cultivados sob 50 µmol m-2 s-1 utilizando: lâmpadas fluorescentes, LED brancas e LED azul/vermelha. Após 45 dias de cultivo foram avaliados: a frequência de enraizamento (%), a massa fresca (g), a massa seca (g), o comprimento da parte aérea (cm) e o número de folhas por planta. O delineamento foi inteiramente casualizado (cinco irradiâncias e três qualidades de luz). Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas por Scott e Knott, a 5% de probabilidade. Concluiu-se que a qualidade de luz não promoveu diferenças estatísticas significativas, bem como nas análises de massas fresca e seca nas diferentes irradiâncias avaliadas. Todavia, o comprimento da parte aérea e o número de raízes apresentaram diferenças significativas nas irradiâncias avaliadas, com comportamento inversamente proporcional ao aumento das irradiâncias. As menores irradiâncias (50 e 150 µmol m-2 s-1) foram as que apresentaram melhores resultados. A irradiância de 200 µmol m-2 s-1 pode ter causado estresse nas plantas levando à redução do crescimento. Este estudo é importante para o desenvolvimento de tecnologias para estudo da modulação da via da bixina, fundamentando estudos de expressão gênica associados à biossíntese desse pigmento em urucum. |