Resumo |
O Brasil é o segundo produtor mundial de soja. Porém, a intolerância à seca e a susceptibilidade a fitopatologias causam danos à produção. Estudos com plantas transgênicas superexpressando BiP (Binding protein), chaperona com atividade associada à via UPR (unfolded protein response) e à modulação de PCD (programmed cell death), comprovam que estas são mais tolerantes à seca pela manutenção da homeostase celular e retardo do acionamento da PCD. Dos fitopatógenos, a Pseudomonas syringae pv. tomato provoca reação de hipersensibilidade na soja, uma vez que a interação planta-bactéria é incompatível. A entrada de bactérias se dá por feridas ou estômatos e provocam diversas alterações como liberação de compostos antimicrobianos e mudanças estruturais e bioquímicas. O objetivo deste trabalho foi avaliar, através de perfis obtidos por LC-MS, a produção de metabólitos secundários em resposta à interação de soja com P. s. pv. tomato e a regulação de mecanismos intrínsecos a esta. Para tanto, dois genótipos de soja foram avaliadas: selvagem (WT) e transgênica (C9). Inoculadas com P. s. pv. tomato. Após o surgimento do terceiro trifólio, um grupo de plantas foi inoculado com uma solução tampão MgCℓ2 10 mM contendo bactérias (CI) e outro com solução sem bactérias (SI), mediante uma descompressão de 500mmHg por 90s. As folhas foram coletadas em zero e 36 h e mantidas a -80oC. Foi utilizado uma solução extratora (metanol, isopropanol e ácido acético), e o sobrenadante foi analisado por LC-MS QqQ, pertencente ao NuBioMol (CCB-UFV). Os dados obtidos foram analisados no software Skyline e os valores de área convertidos em ng/g de vegetal. Os resultados indicaram que plantas C9 apresentaram, após 36 h, regiões de necrose foliar (relacionada à PCD) maiores que em WT. Comparando zero e 36 h, dadzeína aumentou 176 vezes em C9 e 98 vezes em WT; genísteína, 16,6 vezes em C9 e 9,2 vezes em WT; naringenina, 9 vezes em C9 e 6,3 vezes em WT; ácido p-cumárico, 3 vezes em C9 e 2,5 vezes em WT. Comparando plantas CI e SI em 36 h, dadzeína aumentou 13,4 vezes em C9 e 9,4 vezes em WT; genísteína, 7,5 vezes em C9 e 5 vezes em WT; naringenina, 3,7 vezes em C9 e 2,0 vezes em WT; ácido p-cumárico, 2,5 vezes em C9 e WT. Em plantas CI em 36 h, dadzeína e genisteína aumentaram em C9 1,5 vezes mais que em WT; naringenina, 2,0 vezes mais. Conclui-se que, em plantas C9, a superexpressão de BiP atrasa a via de PCD, impedindo a contenção da colonização bacteriana em tempo hábil. A produção de flavonoides está relacionada com a ação antimicrobiana destes compostos, mecanismo de resposta predominante em plantas C9, ao passo que em WT predomina a via de PCD. |