Resumo |
O envelhecimento da população brasileira é um fenômeno que delineia vários desafios para a garantia de adequadas condições de vida a esse segmento etário. Nesse sentido, ações de promoção da saúde e prevenção de agravos, tais como o estímulo a adoção de hábitos de vida saudáveis são estratégias valiosas para favorecer o envelhecimento saudável. Dentre esses, o hábito alimentar é de suma importância e está entre os determinantes individuais e comportamentais do envelhecimento ativo, pois quando inadequado, configura-se como um fator de risco para a ocorrência ou agravo das doenças crônicas não transmissíveis. Nesse contexto, foi lançada a segunda edição do Guia Alimentar para a População Brasileira no ano de 2014, no qual uma nova classificação para os alimentos foi proposta conforme os graus de processamento e estão dispostas recomendações para a escolha saudável dos alimentos. O objetivo do projeto foi avaliar a qualidade da alimentação de idosos em Viçosa (MG), segundo o novo Guia Alimentar para a População Brasileira (2014). Avaliou-se uma amostra aleatória simples de 621 idosos. Aplicou-se um questionário semiestruturado com variáveis socioeconômicas, de saúde e nutrição. Para avaliar o consumo alimentar, utilizou-se um Questionário de Frequência Alimentar qualitativo. Os alimentos consumidos foram classificados em quatro grupos (grupo 1: alimentos in natura ou minimamente processados; grupo 2: óleos, gorduras, sal e açúcares; grupo 3: alimentos processados; grupo 4: alimentos ultraprocessados) como proposto pelo Guia. Em seguida, determinou-se um escore de frequência de consumo, conforme adaptação da proposta de Fornés et al (2002). As médias de escores de consumo foram obtidas e comparadas entre as variáveis sociodemográficas e de saúde de interesse. O consumo de alimentos do grupo 1 apresentou maior escore médio (6,85) e o consumo de alimentos do grupo 2 foi relativamente baixo (1,27). De maneira geral, as maiores médias de escore de consumo foram observadas para os alimentos do grupo 1 (de 0,38 a 63) e esse consumo não se diferenciou de acordo com as características sociodemográficas. Observou-se menor escore médio de consumo de alimentos do grupo 2 entre as mulheres (p=0,028). Idosos com maior escolaridade apresentaram maior consumo de alimentos do grupo 3. Idosos portadores de diabetes (p=0,008) e/ou dislipidemia (p=0,040) tiveram menor média de escore de consumo de alimentos do grupo 2. Para os alimentos do grupo 4, observou-se maiores escores de consumo dentre os idosos com excesso de peso (p=0,007). A alimentação dos idosos de Viçosa segue a proposta do Guia pois os alimentos in natura ou minimamente processados constituem a base da alimentação e o consumo de óleos, gorduras, sal e açúcar encontrado foi relativamente baixo. Por outro lado, estratégias de educação alimentar e nutricional são necessárias para reduzir o consumo de alimentos processados e ultraprocessados, em especial entre idosos com excesso de peso. |