Resumo |
A extensão universitária articula atividades de ensino e pesquisa viabilizando a interação entre Universidade e sociedade. As atividades de extensão ultrapassam o âmbito acadêmico, sendo abertas ao público não universitário tendo como objetivo principal, a troca de saberes, A reelaboração das práticas acadêmicas e a democratização do conhecimento. O presente trabalho objetivou refletir sobre a importância da extensão na formação de estudantes de direito a partir da experiência como estagiárias no Programa de extensão Casa das Mulheres. Esse relato reflete a experiência vivenciada, atualmente, por cinco estudantes de direito da Universidade Federal de Viçosa e da ESUV/UNIVIÇOSA. O Programa Casa das Mulheres, coordenado pelo Núcleo Interdisciplinar de Estudos de Gênero-UFV, foi criado em 2009 a partir do trabalho conjunto com a Defensoria Pública e o Conselho Municipal dos Direitos das Mulheres. Financiado pelo PROEXT/MEC entre 2009-2016, atualmente é apoiado pela Prefeitura de Viçosa que concede bolsas de estágio para estudantes. Considerado exemplo de atividade de extensão e conexão entre sociedade e universidade, proporciona às estudantes experiências diversas sendo uma grande oportunidade para crescimento pessoal e profissional. O trabalho se inicia no acolhimento às usuárias, momento em que se desenvolve empatia e habilidade de escuta. Dependendo da demanda, podem ser produzidas peças processuais, sob orientação jurídica da Defensoria Pública ou podem ser feitos encaminhamentos aos equipamentos de saúde e assistência social existentes no município. O programa conta com uma sala exclusiva na Delegacia de Polícia Civil de Viçosa, que garante atendimento especializado e cuidadoso às usuárias e uma experiência impar às estudantes do Programa. É constante o contato com ambiente forense e delegacia, que passa pelo acompanhamento dos procedimentos policiais, dos processos jurídicos e audiências, momentos em que a estagiária vivencia a prática do direito. Além do conhecimento empírico e do contato com a comunidade (mulheres em situação de violência; trabalhadores/as dos diferentes equipamentos públicos da Rede Protetiva), o Programa visa desenvolver no estudante raciocínio crítico e questionador bem como criar uma postura de enfrentamento às violências gênero.Com esse intuito, semanalmente são discutidos casos atendidos/acompanhados, aplicações e desdobramentos da Lei Maria da Penha (Lei 11340/06), temas do direito e sobre questões de gênero e lutas feministas. Assim, aprende-se que vivenciar a violência nunca é fácil, menos ainda quando ela manifesta na figura de pessoas próximas e queridas. Conviver com a violência de gênero, mesmo que indiretamente, através de relatos diários de abusos físicos e psicológicos, faz com que a ouvinte se coloque no lugar das mulheres acolhidas na Casa, e com isso repense e questione seu próprio meio e suas atitudes, por fim, que não se cale diante das injustiças e violências diariamente praticadas contra as mulheres. |