Resumo |
A Estação de Pesquisa, Treinamento e Educação Ambiental Mata do Paraíso (EPTEA – MP) compreende 194 hectares pertencentes à Universidade Federal de Viçosa (UFV) e é a porção mais bem preservada de um fragmento florestal de Mata Atlântica em um total de aproximadamente 450 hectares. Localizada a 5 km do município de Viçosa, é utilizada para fins de pesquisa e educação ambiental. No passado, o fragmento antes denominado Fazenda Mata do Paraíso e Córrego São Benedito, sofreu intensos processos de degradação devido a plantações de café e uma antiga pedreira que havia no local até 1966. Dessa forma, esse fragmento de Mata Atlântica apresenta áreas em diferentes estágios de regeneração, sendo possível dividi-las em capoeira inicial, capoeira avançada e mata secundária em estágio avançado de regeneração.Sabe-se que o parasitismo é uma relação ecológica desarmônica, em que uma espécie (parasito) vive dentro ou sobre outra espécie (hospedeiro), obtendo dela parte de seus nutrientes e, em geral, causa algum grau de injúria à espécie hospedeira. Através de processos coevolutivos, foram sendo selecionados naturalmente artrópodes ectoparasitas que apresentavam mecanismos mais eficientes na obtenção de recursos nos seus hospedeiros mamíferos, do mesmo modo, também foram selecionados os hospedeiros mamíferos que apresentavam características que minimizavam esses efeitos negativos da infestação por ectoparasitas. Assim, é possível observar padrões específicos de interações entre os ectoparasitas e seus respectivos hospedeiros. O objetivo do presente estudo foi analisar as interações ectoparasita-hospedeiro e suas especificidades em uma população de roedores do gênero Oligoryzomys na EPTEA-MP. Foram realizadas bimestralmente 5 campanhas de captura de pequenos mamíferos silvestres, no período entre outubro de 2016 a junho de 2017, sendo cada campanha composta por 4 noites consecutivas. Em cada uma das 3 áreas (capoeira inicial, capoeira avançada e mata secundária) foram instaladas 3 linhas, sendo cada uma dessas compostas por 5 pitfalls, 4 Shermans e 4 Tomahawks. A coleta dos ectoparasitas ocorreu no Museu de Zoologia João Moojen, sendo armazenados em tubos plásticos com identificação de campo contendo álcool 70%. Foram capturados 79 Oligoryzomys, soltos no mesmo local após a triagem.A família de ectoparasitas de maior expressividade encontrada na população de roedores do gênero Oligoryzomys é a Laelapidae (92,4%), que apresentou em maior escala os gêneros Gigantolaelaps e Mysolaelaps. Em menor número apareceram as famílias Ixodidae (6%), com os gêneros Amblyomma e Rhipicephalus, e Pulicidae (1,4%), com o gênero Ctenocephalides. As famílias Ixodidae e Pulicidae foram encontradas somente nas áreas de capoeira inicial e capoeira avançada. |