Resumo |
O controle biológico é uma alternativa promissora para combater o crescimento de micro-organismos causadores de doenças em culturas de grande interesse econômico. Uma importante ferramenta para isso é a relação de antagonismo entre os micro-organismos. Neste contexto, a espécie bacteriana Bacillus subtilis é conhecida pela produção de antimicrobianos capazes de controlar diferentes fitopatógenos. Assim, este trabalho teve como objetivo verificar o antagonismo in vitro da bactéria endofítica B. subtilis, isolada de seringueira da floresta amazônica brasileira, aos fitopatógenos Sclerotinia sclerotiorum, Colletotrichum lindemuthianum, Colletotrichum karstii e Colletotrichum laticiphilium e detectar genes que codificam lipopeptídeos. Para isso, foi feito teste de antagonismo da B. subtilis contra os fitopatógenos selecionados, por meio de ensaios de cultura pareada. Nestes ensaios, a bactéria foi inoculada em um lado da placa de Petri, contendo 25 mL de meio de cultura Batata Dextrose Ágar (BDA), e após 48 h, o fitopatógeno foi inoculado do lado oposto desta placa. As placas foram incubadas em BOD a 25°C e fotoperíodo de 12 h. Cada ensaio conteve três repetições, distribuídas ao acaso. Para o controle negativo foi analisado o desenvolvimento das colônias em placas contendo apenas o fitopatógeno de interesse. Os tratamentos foram observados diariamente e o crescimento micelial do fitopatógeno foi medido quando as colônias das placas do controle assumiram tamanho superior a 3 cm. O percentual de inibição do crescimento micelial dos fungos na presença da B. subtilis foi calculado conforme a fórmula: IC=[(C-T)]/Cx100, onde IC é a inibição do crescimento, C é o diâmetro do controle e T o crescimento médio micelial dos tratamentos. Em seguida, os valores foram submetidos à análise ANOVA e as medidas foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de significância. Para identificação dos lipopeptídeos produzidos pela bactéria, realizaram-se reações de amplificação de DNA com primers específicos para os genes que codificam surfactina, iturina A, fengicina e bacilomicina A. Em todos os fungos testados, notou-se uma taxa de inibição significativa do crescimento micelial. Nos tratamentos de S. sclerotiorum, C. karstii, C. laticiphilium e C. lindemuthianum as porcentagens de inibição foram de 46,17 %, 39,78 %, 32,82 %, 42,23 %, respectivamente. Além disso, foi detectada a presença dos genes que codificam surfactina, iturina A e bacilomicina A, o que sugere que esses lipopeptídeos podem ser os responsáveis pelo antagonismo observado. Experimentos posteriores serão realizados visando à identificação das moléculas envolvidas na inibição, extração dos lipopeptídeos e a verificação da eficiência da bactéria no controle dos fitopatógenos em condições in vivo. |