Resumo |
Estudos mostram que a exposição ao arsênio (As) causa infertilidade feminina e falhas no desenvolvimento embrionário. Pouco se sabe, porém, o real impacto desse metal pesado sobre a fertilidade masculina. Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos da exposição ao As sobre a qualidade espermática e fertilidade em ratos Wistar machos. Animais controle (n = 5) receberam salina por via oral, enquanto que os demais foram distribuídos em quatro grupos de exposição ao As por via oral durante 56 dias (n = 5/grupo) utilizando dois compostos arsênicos inorgânicos, arsenato e arsenito de sódio, nas concentrações de 0,01 e 10 mg/L (CEUA, 19/2011). Posteriormente, os machos foram acasalados com fêmeas hígidas, na proporção 1♂:2♀, por 3 dias. As fêmeas foram eutanasiadas para obtenção de dados de fertilidade, enquanto que os machos foram eutanasiados e avaliados quanto a parâmetros espermáticos. Amostras de espermatozoides da cauda do epidídimo foram analisadas quanto motilidade e cinética espermática utilizando o sistema computadorizado CASA, morfologia espermática usando microscópio de contraste de fase, integridade estrutural das membranas por epifluorescência (DACF/IP). Para avaliação de danos do DNA espermático, secções histológicas de testículo foram coradas com laranja de acridina e IP. Núcleo de espermatozoides viáveis se apresentaram corados em verde, enquanto que os não viáveis se apresentaram com núcleo vermelho-laranja. Com relação as fêmeas, índices de fertilidade foram obtidos a partir da análise do sistema reprodutor: taxa de acasalamento, taxa de prenhez, potencial de fertilidade, nº de fetos, taxa de perda pré-implantação e taxa de perda pós-implantação. Os resultados mostraram que a motilidade e cinética espermática, bem como a morfologia não foram afetados pela exposição ao arsênio (P > 0,05). No entanto, animais expostos ao arsenato a 10 mg/L e arsenito nas duas concentrações apresentaram danos de DNA espermático e alto percentual de espermatozoides com danos estruturais de membrana (P <0,05). Quanto a fertilidade, observou-se uma redução de 66,67% das ♀ prenhes de ♂ expostos ao arsenito 10 mg/L e redução de 55,56% e 44,44% de ♀ prenhes de ♂ expostos a arsenato 0,01 mg/L e arsenito 10 mg/L, respectivamente. O potencial de fertilidade de ♂ tratados com arsenito 0,01mg/L (mediana=0,0) foi menor que o dos ♂ controle (mediana= 86,67). Além disso, a perda pré-implantação foi maior para os ♂ tratados com arsenito 0,01mg/L comparado com controle. Não foram observadas diferenças entre os grupos para taxa de acasalamento, nº de fetos e taxa de perda pós-implantação. Pode-se concluir que a exposição por 56 dias ao arsenito de sódio resultou em danos significativos à viabilidade espermática e à fertilidade masculina. O arsenato de sódio na concentração de 10mg/L alterou parâmetros espermáticos, porém sem impactos para a fertilidade. |