Resumo |
O presente trabalho apresenta um projeto realizado durante o Estágio Supervisionado em Educação Infantil (EI) cujo objetivo é proporcionar aos futuros pedagogos, atuação no campo profissional, interrelacionando teoria e prática a partir do diálogo entre saberes acadêmicos e cultura escolar. Para tal, escolhemos uma instituição de ensino particular de Viçosa – MG e uma turma do 2° período da EI, com dezoito crianças, onde observamos que as crescentes demandas educacionais estão afetando de forma significativa o direito de brincar, principalmente na primeira infância. Na EI as crianças já são inseridas em uma rotina de atividades de leitura e escrita, não sobrando tempo e espaço no planejamento docente para o brincar, restringindo esta prática ao curto período do recreio. No entanto, várias pesquisas tem demonstrado a importância do brincar para o desenvolvimento infantil, apresentando desafios e interações que atuam na formação de vínculos positivos com os adultos, que irão influenciar sua vida futura. Ao brincar a criança se reconhece como sujeito que pertence a um grupo social e a um contexto cultural, aprende sobre si mesma e suas relações no mundo, transformando e recriando os significados culturais do meio em que está inserida. Além disso, a legislação brasileira reconhece o direito de brincar, tanto na Constituição Federal (1988), artigo 227, quanto no Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA (1990), artigos 4º e 16. A importância do brincar é reconhecida, também, em diversos documentos legais internacionais e nacionais, dos quais destacamos a Convenção dos Direitos da Criança – CDC, no Art. 31. Diante disso elaboramos um projeto de intervenção, “Brinquedos e Brincadeiras”, realizado no período de março a maio de 2017, com o objetivo de inserir a prática do brincar no planejamento docente e trazer o universo da brincadeira para o cotidiano escolar, para além do recreio. Para isso, trabalhamos brincadeiras populares e cooperativas como: “passarinho, ninho, natureza”; “pique-cola”; músicas, cantigas de roda, dentre outras brincadeiras, além de confecção de brinquedos como peteca e “barangandão”, usando materiais acessíveis às crianças. Constatamos que o tempo gasto com o brincar ainda é considerado, por muitas professoras, como tempo perdido ou passatempo e que a mudança de mentalidade e atitude depende, sobretudo, de capacitação e processos formativos. Aprendemos e ensinamos aos professores envolvidos no projeto que a observação do brincar possibilita conhecer mais as crianças e suas características e necessidades. Constatamos também que as crianças participantes do projeto melhoraram a autoestima, a criatividade, a imaginação, desenvolveram habilidades cognitivas, psicofísicas e sociolinguísticas, criaram vínculos afetivos, condições para aprendizagens significativas. Por fim, o projeto Brinquedos e Brincadeiras se revelou como uma metodologia eficaz para a inserção da cultura da criança no âmbito escolar. |