Resumo |
A indústria de laticínios é uma importante e tradicional atividade econômica do país. O efluente gerado nessa indústria é considerado como de potencial poluidor, tendo em vista sua conhecida alta carga orgânica. Uma alternativa potencial e de menor custo pode ser a disposição controlada desse efluente no solo. O presente trabalho objetivou avaliar a qualidade do solo e da forrageira Tifton 85 em resposta à aplicação de águas residuárias de uma indústria de laticínios. O experimento foi conduzido em casa de vegetação em vasos preenchidos com amostras provenientes de dois Latossolos de Minas Gerais, um argiloso e outro de textura média. Os vasos receberam cinco mudas de capim Tifton 85, que foram cultivadas até atingirem 30 cm de altura, quando foram cortadas à 10 cm da superfície para a imposição dos tratamentos. O experimento foi conduzido por seis meses, consistindo da adição semanal de doses de soro de leite equivalentes a 0, 25, 50, 100 250 e 500 m3/ha. Os tratamentos correspondentes às menores doses receberam volumes de água destilada para compensar o volume de líquido adicionado na maior dose. Durante o experimento, foram avaliados os teores de clorofila na forrageira, por determinação indireta com um Cholorophyll Meter SPAD-502, e a condutividade hidráulica do solo não saturado, com um Mini Disk Infiltrometer. Ao final do experimento foram coletadas amostras indeformadas e uma amostra deformada correspondente a um anel introduzido em cada vaso no início do experimento. Nas amostras deformadas foram avaliadas a argila dispersa em água e a caracterização química de rotina. Na amostra indeformada foi avaliada a densidade de solo, condutividade hidráulica em meio saturado; macro, micro e porosidade total. Nos dois solos avaliados, a adição contínua de efluentes não alterou os índices SPAD obtido nas folhas do capim Tifton mas acarretou na redução da condutividade hidráulica do solo não saturado. No solo de textura média, os atributos físicos não foram afetados enquanto que, das variáveis químicas, apenas o teor de K disponível apresentou resposta linear e positiva ao incremento das doses. Ao final do tempo de cultivo, a produção de matéria seca da forrageira foi incrementada até a dose de 100 m3/ha, reduzindo-se nas doses maiores. No solo argiloso, o efeito na produção de matéria seca ao final do cultivo foi semelhante, mas com máximo de produção verificado próximo da dose de 250 m3/ha. O incremento das doses de efluente promoveu aumento linear dos teores de K e de matéria orgânica. Os teores de Na foram incrementados até a dose de 100 m3/ha, reduzindo-se com as doses seguintes. Os teores de argila dispersa em água, embora tenham se reduzido com a primeira dose, foram aumentados com as doses seguintes. Os resultados obtidos indicam que o capim Tifton 85 tolera a aplicação do efluente de laticínios e que os efeitos sobre a qualidade física do química do solo, embora possam ocorrer, podem ser controlados mediante um programa de monitoramento. |