Resumo |
A cada ano, a indústria de cavalos cresce exponencialmente, no Brasil. Neste contexto, a transferência de embriões (TE) é a principal biotécnica reprodutiva aplicada à fêmea equina, possuindo como principal vantagem a obtenção de mais de um potro/égua/ano, contribuindo, assim, para o melhoramento genético da espécie. Entretanto, o sucesso desta técnica está relacionado com a utilização de éguas receptoras sadias e aptas para reconhecerem o embrião e manterem a gestação. A endometrite infecciosa é considerada a principal causa de subfertilidade e infertilidade em éguas, sendo caracterizada por uma inflamação persistente do endométrio, associada a um processo infeccioso. Esta patologia leva a um ambiente uterino hostil para sobrevivência e implantação do embrião, o que faz com que muitas éguas receptoras sejam retiradas do programa de TE por não se tornarem gestantes. Os tratamentos considerados tradicionais para a endometrite são a lavagem uterina e a terapia com antibióticos sistêmicos ou intrauterinos. Porém, em alguns casos, esses tratamentos não são eficientes, podendo ser utilizadas terapias não tradicionais ou alternativas, tais como agentes químicos e terapias biológicas. Os principais tratamentos alternativos são constituídos por produtos químicos, que atuam como antissépticos e mucolíticos, removendo e destruindo os microrganismos. O objetivo do presente estudo foi verificar se as éguas receptoras, retirada de programas de TE comerciais, teriam sido submetidas a algum tratamento e, se sim, qual foi ele. No final da estação reprodutiva 2015/2016, foram coletados dados referentes ao histórico reprodutivo de 27 éguas receptoras, mestiças, pertencentes a seis diferentes propriedades de criação de cavalos da Zona da Mata de Minas Gerais. Todos os animais foram considerados com problemas reprodutivos por apresentarem sinais clínicos de endometrite e não se tornarem gestantes. Os dados foram coletados de fichas reprodutivas dos animais e em entrevistas aos médicos veterinários responsáveis. Das 27 éguas avaliadas, 23 (85,18%) já haviam sido submetidas a algum tipo de tratamento durante a estação reprodutiva, sendo a terapia com antibióticos associada ou não a outra forma de tratamento a mais realizada, em 19 dos 23 animais (82,6%). O lavado intrauterino e agentes químicos (tratamento alternativo) também foram utilizados em seis (26,08%) e 10 (43,47%) animais, respectivamente. A maioria das éguas receptoras havia sido submetida a algum tratamento durante a estação reprodutiva, principalmente a tratamentos tradicionais. Entretanto, a utilização de agentes terapêuticos alternativos também vem sendo empregada, de forma associada ou não, no tratamento da endometrite em éguas receptoras submetidas a programas de TE comerciais. A possível falha nos tratamentos pode ser atribuída a animais susceptíveis à infecção ou a erros durante o diagnóstico, fazendo com que as éguas, mesmo após o tratamento, fossem consideradas inférteis. |