Resumo |
A presente pesquisa analisou uma empresa de biotecnologia vinculada à Incubadora de Empresas de Base Tecnológica do CENTEV/UFV – a Profitus, sob a perspectiva da teoria ator-rede desenvolvida por Latour. A teoria remete a alianças, fluxos e mediações, e ainda, a noção centro e periferia da ciência. Uma rede de atores é composta de elementos heterogêneos conectados - sejam eles humanos ou não-humanos. Objetivava-se compreender como a dicotomia centro e periferia do conhecimento e as relações ator-rede influenciam na divulgação e venda do produto da empresa, as pomadas curativas a base de urucum. Para executar esse pesquisa utilizou-se como ferramenta metodológica a pesquisa descritiva e exploratória com abordagem qualitativa, sendo a técnica da pesquisa o estudo de caso. Para isso realizou-se uma revisão bibliográfica, uma busca apurada por informações sobre a empresa e uma entrevista com o pesquisador e professor da UFV Paulo Stringheta, um dos sócios fundadores da Profitus. A empresa se caracteriza pela união dos conhecimentos tecnológico e cientifico e inovação. Os produtos desenvolvidos resultaram do que o professor Stingheta chama de “acidente cientifico” e após muitos anos de pesquisa gerou produtos comerciais. Atualmente, a empresa tem 4 produtos consolidados no mercado, outros 3 estão prontos e serão lançados em breve e outros 8 produtos em desenvolvimento, em fase de testes. Os resultados apontam que mesmo no campo científico da biotecnologia existe a dualidade centro e periferia, além da seleção de temas considerados aceitáveis no mundo científico. Sob a perspectiva da teoria ator-rede, a rede na qual o pesquisador está envolto é marcada pela extensão e pelo movimento, este último é o que sustenta a produção do conhecimento e se dá pelas aproximações e distanciamentos em relação ao trabalho que se processa dentro e fora dos laboratórios. Sobre a formação da rede o próprio processo de fundação da Profitus se deu nessa dinâmica. Nas falas do professor “resolvemos incubar a empresa na Incubadora de base tecnológica porque lá nos daria uma possibilidade de conseguir alguns financiamentos para desenvolver o negócio e também visibilidade”. Ainda hoje, essa rede “está em formação e sendo reforçada o tempo todo”, pois cabe ao professor o papel de divulgação e apresentação dos produtos em revistas, jornais e na TV. É também, através dessas divulgação e dos contatos estabelecidos que vem o investimento e a internacionalização dos produtos. Portanto, a atividade científica é um processo social, que tem relação com pressões econômicas, expectativas profissionais ou interesses sociais específicos. |