Resumo |
O ambiente uterino da égua é considerado estéril em condições normais, porém infecções podem ocorrer devido a falhas nos mecanismos de defesa, assim os microrganismos podem se tornar agentes inflamatórios uterinos, levando a endometrite infecciosa. Esta afecção que é caracterizada pela inflamação persistente do endométrio, é considerada a principal causa de queda de fertilidade em éguas gerando inúmeros prejuízos econômicos. Portanto, o diagnóstico a partir da cultura uterina e dos testes de susceptibilidade a antibióticos para proporcionar um tratamento eficaz, é de extrema importância. Entretanto, profissionais a campo muitas vezes instituem tratamentos sem o diagnóstico correto previamente realizado, sendo utilizados protocolos pré-estabelecidos na busca de um tratamento mais rápido e prático. Assim, muitas vezes o tratamento não demonstra resposta terapêutica eficaz, havendo o risco da resistência dos microrganismos aos antibióticos, já que muitos possuem a capacidade de produzir formas de proteção como os biofilmes, o que os torna mais resistentes a fármacos, podendo levar a infecções uterinas crônicas. O objetivo do trabalho foi verificar a susceptibilidade in vitro de microrganismos isolados de éguas com endometrite infecciosa aos antibióticos utilizados na rotina. Para isto, durante a estação de monta 2015/2016, 25 éguas mestiças, de 5 a 20 anos de idade, receptoras de embrião de sete diferentes propriedades de criação de equinos, sendo todas na região da Zona da Mata de Minas Gerais, foram submetidas ao exame de cultura uterina, sendo isolados quatro diferentes microrganismos: Staphylococcus spp., Escherichia coli, Enterobacter spp. e Citrobacter spp. No laboratório de reprodução animal do DZO/UFV, os microrganismos foram submetidos ao teste de susceptibilidade a antimicrobianos pelo método de difusão de Kirby Bauer. Os seguintes antimicrobianos foram utilizados: ampicilina, penicilina, gentamicina, tetraciclina, ceftiofur, sulfa/trimetoprim, enrofloxacina, florfenicol e neomicina. A leitura e interpretação dos resultados foram feitas de acordo com as normas padrões laboratoriais. No teste de susceptibilidade aos antimicrobianos in vitro observou-se que todos os quatro microrganismos avaliados foram sensíveis à sulfa/trimetoprim, enrofloxacina e florfenicol e resistentes a ampicilina e penicilina, e pelo menos um microrganismo foi resistente à gentamicina, tetraciclina, ceftiofur e neomicina. O uso de antibióticos sem o diagnóstico correto da endometrite infecciosa pode não levar a resposta terapêutica esperada, além de ser um fator agravante para a formação de cepas resistentes, levando ao quadro crônico de endometrite. Desta forma, torna-se mister a realização da cultura uterina e do teste de susceptibilidade a antibióticos para a prescrição de um tratamento adequado e eficaz. |