Resumo |
Introdução: a prevalência de doença renal crônica (DRC) vem aumentando mundialmente, com um incremento anual, maior do que o crescimento populacional geral, de 8 a 16%. Segundo a Sociedade Brasileira de Nefrologia, 52 milhões de pessoas correm risco de desenvolver a DRC, sendo os grupos mais propensos a problemas renais, os idosos, obesos, portadores de hipertensão arterial (HA) ou diabetes mellitus (DM), o que coloca esta enfermidade como um grave problema de saúde pública. Destaca-se que a DRC cursa de forma silenciosa e sua evolução depende da qualidade do atendimento ofertado muito antes da falência renal. Neste contexto, os profissionais que atuam na Atenção Primária à Saúde (APS) têm importante papel no diagnóstico precoce, acompanhamento e encaminhamento dos pacientes a especialistas, quando necessário. Objetivo: avaliar a trajetória da DRC em portadores de HA cadastrados na APS do município de Porto Firme, Minas Gerais. Metodologia: estudo longitudinal com os portadores de HA acompanhados pela Estratégia de Saúde da Família (ESF) de Porto Firme, Minas Gerais. Participaram do estudo 293 indivíduos. Na primeira etapa, todos os participantes foram submetidos a exames bioquímicos para diagnóstico da DRC. Do total, 113 indivíduos foram diagnosticados como portadores de DRC. Após dois anos, realizou-se a segunda etapa do estudo e os indivíduos portadores de DRC foram reavaliados para verificar a progressão da DRC neste período. Participaram da segunda etapa do estudo 92 portadores de DRC, o que corresponde a 81,4% dos avaliados inicialmente. A coleta de dados se deu por meio de entrevistas semiestruturadas, avaliações clínica (valores de pressão arterial sistólica e diastólica), antropométrica (peso, estatura, circunferência da cintura e índice de massa corporal) e bioquímica (creatinina sérica e relação albumina/creatinina urinária). O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Resultados: a maioria dos indivíduos avaliados era do sexo feminino (74%), idosos (69%), com baixa renda (90%), baixa escolaridade (84%) e com excesso de peso (66,9%). Encontrou-se prevalência de DRC de 38,6% (IC 95%: 33,0 – 44,2). Quando se avaliou a progressão da DRC, observou-se uma redução média de aproximadamente 2mL/min/1,73m² na TFG e aumento médio de 75,35 mg/g na albuminúria. O risco de progressão da DRC ficou mais próximo do escore que o classifica como alto risco. Conclusão: o estudo evidenciou o importante papel da APS no diagnóstico precoce, acompanhamento da progressão da DRC e encaminhamento ao especialista quando necessário por meio das novas propostas à rotina de rastreamento e acompanhamento da DRC, fornecendo subsídio para novos estudos sobre os fatores relacionados a essa enfermidade. Enfatiza-se ainda, a necessidade de ações de prevenção de agravos e enfermidades e promoção da saúde para controle dos fatores de risco modificáveis para o desenvolvimento da DRC. |