Resumo |
A Doença de Alzheimer (DA) atinge atualmente mais de trinta e cinco milhões de pessoas no mundo. É um transtorno neurodegenerativo que afeta o sistema nervoso central e causa diversos sintomas como, por exemplo, a perda da memória. Em pacientes com DA o acúmulo anormal de substâncias no tecido cerebral leva à morte de neurônios, notadamente os colinérgicos. A acetilcolina é um neurotransmissor que exerce importante papel nos mecanismos de memória em condições normais. Esse neurotransmissor é degradado pela acetilcolinesterase, enzima que ajuda a regular sua concentração nas fendas sinápticas. Com a morte dos neurônios colinérgicos há uma diminuição de acetilcolina na fenda sináptica, portanto, um inibidor da acetilcolinesterase pode preservar a acetilcolina em portadores de DA, retardando a progressão da mesma. Diante disso, o objetivo do trabalho foi prospectar substâncias inibidoras da enzima acetilcolinesterase, a partir de extratos vegetais oriundos de árvores nativas do bioma Mata Atlântica. Foi realizado teste in vitro com sete extratos. Inicialmente, o material vegetal foi coletado na reserva ambiental Mata do Paraíso, da Universidade Federal de Viçosa, sendo posteriormente desidratado, pulverizado em moinhos de faca e submetido à extração por percolação seriada com dois solventes de polaridade crescente, empregando primeiramente uma mistura de diclorometano e metanol (1:1) e, em seguida, água destilada. Os extratos foram secos e uma alíquota desses submetida ao ensaio colorimétrico de Ellman. Este teste avalia a taxa de produção da tiocolina, que ocorre à medida que a acetiltiocolina, um análogo da acetilcolina, é hidrolisada pela acetilcolinesterase. Com a continuação da reação o produto formado reage produzindo um ânion amarelo. Usou-se como controle positivo a galantamina, um conhecido inibidor da enzima. Dos sete extratos avaliados, apenas os extratos de folhas e caules da espécie Anadenanthera peregrina apresentaram atividade inibitória de acetilcolinesterase, de 68,49% e 64,35% respectivamente, enquanto a galantamina apresentou inibição de 83,41%. Não existem relatos na literatura sobre atividade anticolinesterásica dessa espécie, porém, trata-se de uma planta da família Fabaceae, sobre a qual existem relatos de outras espécies pertencentes a esta família com atividade antiacetilcolinesterásica. Dessa forma, a A. peregrina deverá ser mais profundamente estudada, a fim de se explorar seu total potencial farmacológico para o tratamento da DA. |