Resumo |
Introdução: Nanoestruturas formadas entre polissacarídeos e proteínas são sistemas utilizados em diversas indústrias devido a sua capacidade de realizar reconhecimento molecular de diversas substâncias. Uma interação deste tipo ainda não explorada é entre LF, produzida por glândulas excretoras de mamíferos e com diversas funções ligadas a defesa do organismo, e OLQ obtido a partir da deacetilação e hidrólise da quitina, utilizado nas indústrias alimentícias e farmacêuticas. Deste modo, é de grande interesse compreender as forças motrizes que levam à formação deste complexo. Objetivos: avaliação da termodinâmica de formação de nanoagregados entre LF-OLQ usando espectroscopia de fluorescência (EF) e nanocalorimetria diferencial de varredura (nDSC). Metodologia: A EF foi utilizada para determinar os parâmetros de interação da LF-OLQ (constante de ligação (Kb), variação da energia livre de Gibbs (ΔintG°), variação da entalpia (ΔintH°) e variação da entropia (ΔintS°)) e nDSC para calcular os parâmetros de desnaturação da LF na presença do OLQ (entalpia de desnaturação (ΔdesH) e temperatura de desnaturação (Td)). Resultados e discussão: i) EF: O aumento da concentração de OLQ de 0 a 0,74 mM, promoveu a supressão da fluorescência dos grupos Triptofano da LF, sendo este resultado avaliado pelas equações de Stern-Volmer para calcular as constantes bimolecular de supressão (kq) e Kb a 25 °C. kq apresentou um valor acima de 1010 M-1s-1, evidenciando que o processo de quenching é estático e Kb foi igual a 1,93x104 M-1. Com o Kb, calculou-se ΔintG° e seu valor foi -24,45 kJ mol-1, indicando que a formação do complexo é predominante. Kb foi obtida em outras 6 temperaturas e seu valor se manteve constante. Utilizando a equação de Van’t Hoff para os valores de Kb, determinou-se ΔintH° sendo igual a 5,74 kJ mol-1, mostrando que a formação do complexo é endotérmica. O TΔintS° foi determinado por meio da relação fundamental de Gibbs obtendo-se o valor de 30,20 kJ mol-1. Esses valores indicam que a força motriz para a formação do complexo é entrópica. ii) nDSC: O termograma da LF na ausência de OLQ apresenta dois picos endotérmicos com Td de 68,17 e 79,09 °C e ΔdesH de 636,5 e 103,5 kJ mol-1 associados à região da proteína não complexada e complexada com Fe3+, respectivamente. Estes parâmetros foram determinados na presença de OLQ até 0,50 mM e para esta última concentração os valores de Td permaneceram constantes para os dois picos, enquanto que os valores de ΔdesH diminuíram ~45% em relação aos valores obtidos na ausência de OLQ, para ambas regiões. Estes resultados indicam que o processo de desnaturação não é alterado termicamente pelo OLQ, mas este último reduz as contribuições entálpicas das interações intramoleculares da proteína para passar da sua conformação nativa para desnaturada. Conclusão: Os estudos de EF e nDSC indicaram que a formação do complexo [LF-OLQ] é entropicamente dirigida e a desnaturação da LF é menos endotérmica devido a sua interação. |