Resumo |
A introdução da biomassa na matriz energética brasileira como fonte de matéria-prima para produção bioenergética vem ocupando cada vez mais espaço. Perante significativa participação da biomassa florestal para produção bioenergética, destaca-se para produção de pellet’s. Os pellet’s são combustíveis sólidos, granulados e renováveis produzidos na forma de cilindros, extremamente densos, produzidos a partir de partículas uniformes de biomassa, aquecidas e compactadas. Alguns fatores relacionados à matéria-prima utilizada e ao processo de peletização podem afetar a qualidade dos pellet’s, por exemplo, a baixa durabilidade e a resistência mecânica, que apresenta impacto direto no transporte, armazenamento e utilização dos pellet’s. Neste sentido, visando melhorar as propriedades mecânicas dos pellet’s, uma vez que pellet’s com maior durabilidade e menor teor de finos permite transportes a longas distâncias e maior tempo de armazenamento, o presente trabalho tem o objetivo de avaliar o efeito da adição de lignina kraft e amido na qualidade de pellet’s de eucalipto. Inicialmente a madeira foi transformada em cavacos e posteriormente em partículas. Em relação aos aglutinantes, a fonte de amido foi a farinha de trigo e a lignina, proveniente do processo kraft da fábrica de celulose. Os pellet’s foram caracterizados fisicamente, através da determinação da densidade aparente unitária, densidade a granel (kg/m³), umidade, poder calorífico superior (PCS), durabilidade, porcentagem de finos, dureza e em relação a química, foram caracterizados pela composição química imediata e elementar. Os pellet’s produzidos foram classificados conforme a norma europeia de comercialização DIN EN 14.961-2. Com a obtenção dos dados, este foram submetidos ao teste de Lilliefors, para testar normalidade, e Cochran, para testar a homogeneidade das variâncias. Para avaliação das diferenças existentes entre os tratamentos foi aplicado o teste de Tukey em nível de 5% de significância. Os pellet's com 2% de lignina foram os que apresentaram os melhores resultados, com alta dureza, baixa porcentagem de finos, sendo explicado pela maior aderência entre as partículas na peletização, uma vez que a lignina possui alta superfície especifica, aumentando a área de contato. Os pellet’s produzidos não atenderam às normas europeias de comercialização destes combustíveis, impossibilitando à exportação. Por fim, é possível obter um combustível renovável, moderno e de fácil aplicação em processos de combustão, através da utilização da matéria prima de eucalipto, quebrando o paradigma de utilização de biomassa a partir de pinus, porém estudos mais detalhados sobre as proporções de aglutinantes, assim como a criação de normas brasileiras, adequadas aos processos fabris e a composição elementar natural das florestas brasileiras, se tornam essenciais para o desenvolvimento de um mercado forte e competitivo, uma vez que as normas europeias limitam a ascensão brasileira no mercado mundial de pellet’s. |