Resumo |
O treinamento dos animais é essencial para determinar o sucesso na carreira esportiva, mas tem sido realizado de forma empírica com equinos MM. O protocolo de treinamento adequado envolve o uso de períodos regulares de exercício e descanso que promovem mudanças estruturais e funcionais no animal para permitir competir com maior eficiência. As adaptações ocorrem no sistema cardiovascular, nas células musculares e elementos estruturais como ossos e tendões. A resposta depende do estimulo causado pelo treinamento. Independentemente do esporte, alguns princípios devem ser seguidos, pois caso contrário podem comprometer a capacidade atlética do animal. A falta de preparo físico, excesso de trabalho, técnicas rudimentares de doma e iniciação e idade precoce são alguns desses fatores. É comum os cavalos entrarem em competições muito antes de estarem completamente preparados, gerando estresse na musculatura, ossos, ligamentos e tendões, levando ao aparecimento de lesões. Foi admitido no Hospital Veterinário da UFV, um potro macho de 2 anos de idade, da raça mangalarga marchador, com 310 kg de peso corporal e com histórico de enrijecimento da musculatura cervical, dificuldade para flexionar, estender e realizar lateroflexão da cabeça e pescoço. Estes sintomas iniciaram-se há 30 dias e se agravaram nos últimos 5 dias. Este animal se encontra em treinamento na modalidade esportiva “potro de pista”, onde iniciou as atividades ao 1,5 ano de idade. No protocolo de treinamento, era submetido a treinos 3 vezes por semana, por 40 minutos diários. Contemplando exercícios bilaterais de guia nos redondel, onde o cabo do cabresto era amarrado no centro pista em um mourão e o animal estimulado a marchar ao redor deste ponto fixo. Excessos eram promovidos e no sentido da fuga, o animal era impedido de progredir repentinamente. Exercícios puxados ao cabresto também eram realizados, sempre bilateralmente. Ao exame físico realizado no hospital, foram constatadas restrição e diminuição da flexão cervical e relutância em estender a articulação atlanto-ocipital. Lateroflexão passiva e ativa com amplitude diminuída, acompanhada de rigidez e tensão muscular bilateral principalmente na região entre a quinta e a sexta vértebras cervicais. Durante a inspeção em movimento, foi observada rigidez pélvica, relutância em recuar e redução da amplitude da passada dos membros pélvicos e torácicos. Ao exame ultrassonográfico, alterações na ecogenicidade e paralelismo das fibras do ligamento supra-espinhoso, deste ao nível da 15 vértebra torácica até a 17 foram observadas. Existe irregularidade das superfícies articulares entre C5/C6 e C6/C7 no antímero direito e entre C3/C4, C4/C5, C5/C6 e C6/C7 no esquerdo, variando de discretas e intensas. Os achados ultrassonográficos, histórico e exame clínico sugerem osteoartrite nas articulações sinoviais cervicais citadas anteriormente, desmopatia do ligamento supra-espinhoso e enteseopatia de inserção em vértebras cervicais. |