Resumo |
O perfil de ácidos graxos da dieta habitual tem sido bastante discutido, devido ao seu potencial de ação protetora ou precursora das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT). A substituição dos ácidos graxos saturados (AGS) e ácidos graxos trans por poli-insaturados (AGPI) tem sido relacionada a uma melhora no perfil lipídico e redução do processo inflamatório. Sendo assim, esse estudo transversal teve como objetivo avaliar a relação entre o consumo de lipídios, e ácidos graxos plasmáticos nos participantes da linha de base da Coorte das Universidades MinEiras (CUME). Participaram desse estudo 85 voluntários (23 homens e 62 mulheres, entre 23 e 64 anos de idade). Os participantes são ex-alunos da Universidade Federal de Viçosa (UFV), residentes em Viçosa e região, os quais preencheram um questionário autorrespondido (online) com questões relacionadas às características sociodemográficas, estilo de vida, atividade física, bioquímicas, relacionadas à saúde dos participantes, e medidas antropométricas. Ademais, os participantes preencheram um Questionário de Frequência de Consumo Alimentar (QFCA) e relataram seus hábitos e práticas alimentares. Após etapa online, os participantes foram convidados a comparecer ao Laboratório de Metabolismo Energético e Composição Corporal, localizado no Departamento de Nutrição e Saúde-UFV, onde, após 12 horas de jejum, foram realizadas coleta de sangue, medidas antropométricas e de composição corporal. O projeto foi previamente aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa com Seres Humanos da UFV (UFV- CAAE 07223812.3.1001.5149 e 56330216.1.0000.5153). Como resultados, somente dois participantes atingiram a recomendação de AGPI (> 10% do valor calórico diário). Também foi observado uma correlação negativa entre o consumo de AGPI e as concentrações de AGS plasmáticos (ρ= -0,367; p= 0,001) e uma correlação positiva com as concentrações de ácidos graxos monoinsaturados (AGMI) (ρ=0,310; p=0,004) que pode ser justificado pelo consequente aumento no consumo de AGMI na dieta junto ao maior consumo de AGPI (ρ=0,522; p= 0,000). Além disso, o azeite de oliva, as oleaginosas (R²= 0,283) e o óleo de soja explicaram em 18,9%, 9,4% e 5,3%, respectivamente a ingestão de AGPI (p<0,001). Em conclusão, o consumo de AGPI foi associado com um perfil plasmático de ácidos graxos menos aterogênico, mesmo estando esse consumo abaixo das recomendações. Nossos resultados mostram a importância de estratégias de educação nutricional para o consumo adequado desse nutriente e prevenção das DCNT na população da nossa coorte. |