Resumo |
No presente trabalho de pesquisa discutimos questões acerca do território, do processo de territorialização e das territorialidades múltiplas que compõem os mundos de viver de tantas comunidades tradicionais que resistem por meio da expressão das suas territorialidades na escala do lugar e dos seus territórios, ao processo hegemônico de configuração, conformação, padronização-fragmentação do espaço-tempo próprio do sistema-mundo na escala global. Dos objetivos, iniciais nos propomos nos deixar guiar pelas demandas das comunidades envolvidas, o que poderá vir a ser a identificação territorial das comunidades quilombolas da Zona da Mata de Minas. Tal processo aponta para possibilidades de diálogos interepistêmicos com a geografia. A metodologia proposta é sintetizada em 4 itens: “1. Pesquisa bibliográfica, iconográfica e documental sobre o tema, procedimento este respaldado pelo entendimento de que o conhecimento é um processo de construção eminentemente social; 2. Pesquisa junto às entidades de organizações populares e parceiras para abrir o diálogo com as comunidades selecionadas; 3. Rodas de conversa e /ou "círculos de cultura" (oficinas dialogadas, pautadas na socialização de saberes e na construção coletiva do conhecimento) junto às comunidades envolvidas; 4. "Cartografia Social" com às comunidades envolvidas na pesquisa como ferramenta que permite às mesmas cartografarem suas expressões territoriais que consideram importantes na construção do diálogo proposto.O resultado (preliminar e ainda em curso) obtido até o presente momento foi a construção dos diálogos com diversas entidades representativas das comunidades quilombolas da Zona da Mata, com foco nas pautas destas entidades e no envolvimento colaborativo com suas práticas, conforme previsto nos procedimentos metodológicos.Essa pesquisa nos permitiu avançar na discussão acerca das diversas relações entre sociedades ou culturas e a natureza, bem como as diversas concepções de natureza.Isto nos permitiu perceber que o processo de ressignificação do conceito de “território”, conceito caro para a Geografia,continua a ocorrer nos movimentos das populações tradicionais, a exemplo das comunidades quilombolas, uma vez que o território é concebido na sua dimensão físico-natural e/ou fixo (terra em extensão), e também na sua dimensão simbólica/imaterial e dos movimentos (fluxos de pessoas, animais, objetos, ideologias, conhecimento, etc.). Os atores carregam consigo uma imensurável “bagagem” permeada de múltiplas territorialidades que se relacionam ora pela dialética, ora pelas interculturalidades, compondo o processo de (re)existências, seja na manutenção da vida, seja na resistência. |