Resumo |
Doenças metabólicas, como a diabetes, e poluentes ambientais, como os metais pesados, podem causar danos bioquímicos, histológicos e metabólicos ao fígado. Pouco se sabe sobre o efeito desses dois fatores quando estes atuam simultaneamente no organismo. Portanto, o objetivo do presente estudo foi avaliar parâmetros histomorfométricos do fígado em ratos diabéticos expostos ao arsênio. A diabetes foi induzida em ratos Wistar machos com estreptozotocina via intraperitoneal. Posteriormente, os animais foram divididos em quatro grupos experimentais (n=8/grupo): Controle (C): animais não diabéticos que não receberam arsênio; Controle Arsênio (CA): animais não diabéticos que receberam arsênio; Controle Diabetes (CD): animais diabéticos que não receberam arsênio; Diabetes + Arsênio (DA): animais diabéticos que receberam arsênio. A exposição ao arsênio foi realizada por 40 dias, utilizando arsenato de sódio na concentração de 10 mg/L, via água de beber (CEUA/UFV-61/2016). Após o período de exposição, fragmentos de fígado foram submetidos ao processamento histológico para inclusão em parafina. Cortes histológicos foram corados em hematoxilina e eosina (HE), para análises histopatológicas, carmim, para detecção de glicogênio, e azul de toluidina (AT), para detecção de mastócitos. Imagens digitais dos cortes corados em HE e carmim foram obtidas utilizando-se fotomicroscópio na objetiva de 20x. Análises estereológicas foram realizadas através do software Image J, onde uma grade com 266 pontos foi utilizada para a contagem de pontos coincidentes sobre infiltrados inflamatórios e áreas de congestão, hemorragia e depósitos de hemossiderina (HE), e inclusões citoplasmáticas contendo glicogênio (carmim). O volume de cada componente foi calculado através da fórmula V = PP/PT x Vo, onde PP é o número de pontos localizados na estrutura de interesse, PT é o número de pontos na área histológica e Vo o volume do órgão. Para detecção de mastócitos, cortes histológicos foram avaliados em microscópio óptico na objetiva de 40x. O número de mastócitos foi calculado através da relação Σ mastócitos/área total.Os grupos tratados apresentaram mudanças histopatológicas no parênquima hepático, incluindo infiltrados inflamatórios, hemorragia, congestão e deposição de hemossiderina. O volume de infiltrados inflamatórios, hemossiderina, hemorragia e mastócitos aumentou em todos os animais tratados quando comparados a C. Para todos os parâmetros, DA apresentou valores maiores do que C, CD e DA. Um aumento significativo no volume de congestão também foi observado em todos os animais tratados em relação a C. Houve redução no volume de inclusões citoplasmáticas contendo glicogênio em todos os animais quando comparados a C. Pode-se concluir que a co-exposição a hiperglicemia e ao arsênio é capaz de promover e agravar as alterações histopatológicas no parênquima hepático de ratos. |