Resumo |
O gênero Eucalyptus é atualmente bastante utilizado no Brasil devido a sua adaptação, culminando em uma alta produtividade. Dessa forma, estudos sobre fenômenos que possam prejudicar seu desenvolvimento são bastante recorrentes. Nesse sentido, na região do Vale do Rio Doce foi observada uma anomalia chamada de Seca de Ponteiros de Eucalipto do Vale do Rio Doce (SPEVRD) que apresenta sintomas bem característicos, como: murcha e queda das folhas, perda da dominância apical, lesões nos ramos e folhas, trincamento e encarquilhamento da casca, e por último, a seca de ponteiros. Sabe-se que a região do Vale do Rio Doce, possui solos do tipo Cambissolos e Neossolos Flúvicos. Os sintomas da SPEVRD são observados após encharcamento do solo com períodos de seca subsequente. Cabe ressaltar que existem materiais com tolerância contrastantes. Assim, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a plasticidade de materiais com tolerância diferencial a esses dois estresses (encharcamento e déficit hídrico), fato de extrema importância para auxiliar na escolha de clones tolerantes. Para tanto, foram utilizados 2 clones, um sensível e um tolerante à SPEVRD. Registre-se que as plantas passaram por um processo de aclimatação de 60 dias em casa de vegetação, com irrigação contínua e após esse período, foram submetidas ao encharcamento, seguido por um período de recuperação, deficiência hídrica e recuperação, respectivamente. O parâmetro utilizado como indicador da completa recuperação foi a fotossíntese, quando essa atingiu valores semelhantes a condições sem estresse. Em momentos chaves durante os ciclos de encharcamento e secagem foram coletadas folhas para análises bioquímicas com o intuito de se avaliar o metabolismo desses materiais. Diante disso, foi possível observar que o encharcamento promoveu aumentos em glicose em ambos os clones, aumento em frutose e diminuição em sacarose no clone sensível, incrementos de amido nos dois clones, reduções de aminoácidos no clone sensível e de proteínas no clone tolerante quando comparados aos respectivos controles. Na recuperação, notaram-se incrementos em frutose para ambos os clones, reduções de sacarose no clone tolerante, redução dos aminoácidos no clone tolerante ao passo que aumentos no clone sensível foram evidenciados. Durante a deficiência hídrica aumentos em frutose e sacarose e diminuição nos níveis de amido nos dois clones foram observados. Embora tanto o clone tolerante quanto o sensível apresentam mecanismos semelhantes para lidarem com esses estresses indicando uma boa plasticidade, registre-se que as respostas ocorrem em magnitudes distintas. Assim, estudos futuros devem ser realizados para investigar os mecanismos utilizados por cada material. |