Resumo |
A Escola, além dos conteúdos disciplinares, deve oferecer uma formação cidadã aos seus educandos. Uma das dimensões dessa cidadania, é a civil que discute liberdade, igualdade, solidariedade, respeito e diálogo. É importante discutir estes temas, uma vez que opressões e desigualdades podem surgir no ambiente escolar, incluindo o campo das relações de gênero e sexualidade. Diante dessa realidade em uma turma de pré-adolescentes do 6º ano de uma escola estadual de Viçosa - MG, a gestão escolar solicitou aos licenciandos do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid) - Biologia que trabalhassem a temática com a turma. Dessa forma, os pibidianos planejaram e ofereceram uma oficina sobre sexualidade e relações de gênero, utilizando músicas, com o objetivo de promover uma reflexão crítica junto aos alunos. Foram trabalhados temas relacionados ao machismo, sexualização do jovem e objetificação da mulher. Decidimos utilizar composições do cotidiano dos estudantes como “Adestrador de cadela”, do MC MM e “Minha Nega na Janela”, de Germano Mathias, além de músicas que abordam a representatividade feminina, como “Ordem na Classe”, de Lívia Cruz e “Desconstruindo Amélia”, de Pitty. Durante a oficina, optamos por trabalhar com dois grupos de discussão, separando meninos e meninas, possibilitando espaços de fala e evitando ocorrência de situações de opressão e constrangimento. As canções foram tocadas e cada aluno recebeu trechos impressos das letras das músicas. Em seguida, promovemos um espaço de discussão, mediado por meio de perguntas geradoras como: “Que mensagem essa música passa?”; “O que você sente ao escutá-la?”; “O que as pessoas envolvidas nela sentem?”. As perguntas permitiram uma rica discussão e a seleção de palavras-chave que sintetizaram os temas trabalhados. A utilização de músicas permitiu que os alunos ficassem mais à vontade e, aos poucos, participassem ativamente do diálogo. Notamos que eles compreenderam a proposta, associando trechos das músicas com suas próprias vivências. A princípio, os meninos demonstraram apreciar a música do MC MM que contém trechos que humilham o sexo feminino. Mas, ao final da atividade, já emitiam reflexões sobre a situação da mulher na sociedade. A criação e realização dessa atividade promoveu diversas reflexões em nós. Uma delas é que o professor não é apenas um transmissor de conteúdo. Ele deve suscitar a reflexão, mediando e sendo agente de transformação social, promovendo assim, uma educação cidadã. E, ainda, a importância de se trabalhar a sexualidade de forma reflexiva e não somente cientificista. Também pudemos constatar que a variedade de recursos utilizados na sala de aula permite atingir diferentes estilos de aprendizagem, e que a música pode ser uma importante ferramenta na facilitação e promoção do diálogo. A iniciação à docência tem nos permitido a inserção na cultura escolar, por meio da apropriação e da reflexão sobre instrumentos, saberes e peculiaridades do trabalho docente. |