Resumo |
A biocorrosão de metais tem sido causada por procariontes que habitam as tubulações de armazenamento e processamento de petróleo na indústria petrolífera. Esses organismos são bactérias anaeróbicas, como a espécie Desulfovibrio alaskensis, que reduzem sulfato e produzem sulfeto de hidrogênio (H2S), um gás que pode levar à morte dos trabalhadores. A utilização de bacteriófagos é uma forma alternativa ao uso de produtos químicos para o controle das BRS. Bacteriófagos são vírus que infectam bactérias. Após infecção, eles podem seguir dois tipos de ciclo de vida, o lisogênico ou o lítico. No primeiro, o fago integra seu material genético no genoma da célula hospedeira, recebendo o nome de profago e, podendo levar, em alguns casos, a ativação ou a inibição de atividades metabólicas da bactéria. No segundo ciclo, o fago lisa a célula hospedeira após formar novas partículas virais. Por outro lado, os profagos também podem seguir ciclo lítico quando induzidos por estresse. Assim, o objetivo desse estudo é caracterizar um dos três elementos profago-like presentes em D. alaskensis DSM16109, previamente identificados pelo nosso grupos de pesquisa, para posteriormente verificar a aplicabilidade do mesmo no controle das Bactérias Redutoras de Sulfato (BRS).Os elementos profagos-like da linhagem DSM16109 foram identificados pelo programa PHASTER a partir do genoma depositado no NCBI. Um dos três elementos encontrados foi caracterizado por meio dos programas: FGENESV0, para encontrar genes virais; PSI-BLAST para predição de proteínas; e BLASTn para comparação entre os elementos encontrados. D. alaskensis DSM16109 possui um elemento profago-like completo pertencente à família de Myoviridae, com tamanho de 24452 pb, que abrange aproximadamente 0,68% do genoma da bactéria. Genes que codificam para proteínas integrase, do portal, do capsídeo e relacionados à cauda viral foram encontrados neste elemento. Já os genes que codificam proteínas da fibra da cauda e envolvidas com a replicação estão ausentes, mas, genes hipotéticos estão presentes e podem estar relacionados com essas funções. De acordo com a presença desses genes, este elemento foi classificado como completo, sendo um possível profago. Este profago é exclusivo dessa linhagem na espécie, levando em consideração os dois genomas de D. alaskensis (G20 e DSM16109) depositados no NCBI. Essa característica mostra o envolvimento desse profago da diversidade da espécie analisada. Outras análises são necessárias para verificar a expressão desse profago e sua possível aplicabilidade como ferramenta de controle das BRS. |