Resumo |
A esofagostomia é uma técnica cirúrgica que tem como intuito realizar a abertura do esôfago proporcionando o acesso à luz do órgão como finalidade terapêutica ou exploratória, podendo esta abordagem ser feita nas porções cervical, torácica ou abdominal. Este trabalho tem como objetivo relatar a utilização da técnica cirúrgica de esofagostomia como método complementar no tratamento de um cão com ressecção traumática total da língua, com finalidade de oferecer alimentação e água via sonda esofágica, contribuindo com a cicatrização da ferida até o momento da adaptação do animal. Foi atendido em uma Clínica Veterinária no município de Aracruz-ES, um cão, sem raça definida, três anos de idade, com histórico de ressecção traumática da língua e presença de duas perfurações na face. Na anamnese foi relatado maus-tratos e o animal apresentava afagia e adpsia há sete dias. Durante o exame físico foi observada a ablaçãoa completa da língua, região edemaciada, com presença de processo inflamatório, e infeccioso, apresentando dor à palpação. Na auscultação cardíaca e respiratória os parâmetros encontravam-se normais para espécie e ao aferir a temperatura o animal estava hipertérmico. Foi realizado hemograma, o resultado encontrado foi de anemia normocícita normocrômica e leucocitose por neutrofilia. Os perfis renal e hepático estavam dentro dos padrões da espécie, avaliados através do exame bioquímico. De acordo com os achados, foi instituído tratamento com meloxicam, na dose de 0,1 mg/kg, via oral, a 24 horas, durante cinco dias, associado a sulfametoxazol e trimetropim, na dose de 15 mg/kg, via oral, a cada 12 horas, por cinco dias. Adicionalmente, foi realizada a técnica cirúrgica de esofagostomia cervical, visto que os animais submetidos a essa técnica toleram melhor a sonda. O protocolo anestésico realizado foi de acepram na dose 0,05 mg/kg e fentanil 0,0025 mg/kg para medicação pré-anestésica, propofol dose efeito para indução e isoflurano para manutenção. Após cirurgia, foi dada continuidade da terapia anti-inflamatória e antibiótica, e o animal foi alimentado com dieta líquida e ingestão hídrica via sonda. Após sete dias do procedimento cirúrgico, foi observada no retorno do paciente, a cicatrização completa da ferida traumática. Em seguida foi retirada a sonda esofágica e posteriormente adaptação do paciente a alimentação seca e água ad libitum por via oral. Foi realizado o acompanhamento do animal até o momento final da cicatrização da ferida cirúrgica, que ocorreu por segunda intenção em um período de dez dias. A utilização da esofagostomia cervical como método complementar no tratamento do comprometido da cavidade oral, permitiu a ingestão hídrica e alimentar via sonda esofágica, facilitando a cicatrização da ferida, aumentando a sobrevida do animal, permitindo a sua adaptação e favorecendo o seu prognóstico. |