Resumo |
Os Jogos Olímpicos (JO), realizados em agosto de 2016, e os Jogos Paralímpicos (JP), em setembro de 2016, na cidade do Rio de Janeiro, foram os primeiros ocorridos no continente Sul-Americano e formaram a Rio2016. Os JO e JP desenvolvem diferentes imaginários nos países onde ocorrem, e o principal meio de divulgação é a mídia televisiva, impressa e on-line, as quais constroem as informações sobre as modalidades esportivas, assim alimentam nosso imaginário e fornecem elementos à interpretação de mundo (HATJE, 2003). Desta maneira, o presente trabalho buscou compreender como os JO e os JP no Rio de Janeiro, em 2016, foram representados no jornal mineiro O Tempo. Para tanto, foram coletadas reportagens do jornal entre os dias 1 de agosto e 30 de setembro de 2016, período em que a Rio2016 foi destaque na mídia nacional e internacional. Estas foram digitalizadas e inseridas no software ATLAS.ti, o qual auxiliou na interpretação das fontes e no cruzamento dos dados. Nesta coleta, encontrou-se ao todo 199 reportagens, sendo 164 sobre JO e 35 sobre JP, evidência das diferenciações na divulgação de informações sobre os cenários olímpicos e paralímpicos. Além desta diferença numérica, também foram percebidas discrepâncias entre as reportagens, enquanto as que abordam os JO contextualizam e trazem curiosidades sobre os atletas brasileiros e estrangeiros, as dos JP falam principalmente dos resultados dos brasileiros versus os estrangeiros. O jornal retratou também o desempenho dos atletas olímpicos com o uso frequente de adjetivos, imprimindo-lhes condições de super-heróis com base nos feitos em cada modalidade Como pode-se observar nas afirmações dedicadas a um atleta, tendo sua performance magnificada e os ideais olímpicos, Citius, Altius e Fortius, utilizados para descrevê-lo: “o mais rápido, o mais alto, o mais forte entre os canoístas virou orgulho nacional logo em sua primeira Olimpíadas” (ISAQUIAS SE TRANSFORMA..., 21/08/2016, p.6). Quando analisamos a cobertura sobre os JP, apesar da conquista por novos espaços na mídia, a cobertura dos JP ainda está abaixo dos JO, o conteúdo destas ficou limitado a divulgação de resultados e à contextualização da deficiência e, em sua maioria, não são reconhecidos pelos seus resultados, mas pelas suas histórias desenhadas e transformadas em superação. Com o título “Daniel Dias é o novo rei”, O Tempo trata o nadador como um fenômeno, “Com total de 24 medalhas, sendo 14 de ouro, Daniel tornou-se um dos dez maiores medalhistas da história dos Jogos Paralímpicos” (DANIEL DIAS É O NOVO..., 18/09/2016, p. 28). Ao lado desse texto está outra referência ao nadador, “A história de um supermedalhista” (18/09/2016, p. 28) traz a trajetória do atleta, desde o nascimento com má formação congênita, passando por como iniciou no esporte e seus ídolos, até às conquistas esportivas. Por fim, ao analisar as reportagens dos JO e JP nota-se que são carregadas de sentimentalismos expressões que denotam ao heroísmo. |