Resumo |
Lectinas são proteínas ou glicoproteínas de origem não relacionada com o sistema imunológico, porém capazes de reconhecer sítios específicos em moléculas e ligar-se reversivelmente a carboidratos. Podendo ser encontradas em uma ampla variedade de espécie de plantas e animais, as lectinas em geral, estão presentes em maior quantidade em grãos de leguminosas e gramíneas. Lectinas são classificadas com fatores antinutricionais, pois alteram a biodisponibilidade dos nutrientes de forma variada, interferindo desde a digestibilidade até a permeabilidade intestinal. A utilização, cada vez maior, de alimentos pouco processados ou in natura pode expor a população aos efeitos deletérios dos fatores antinutricionais, como lectinas. Desta forma, o presente estudo tem como objetivo avaliar a presença de lectinas, em farinhas de feijão branco (Phaseolus vulgaris) comercializados, visto que a presença destes fatores antinutricionais tem implicação direta na saúde humana. Inicialmente foi preparado e caracterizado um extrato bruto de farinha de feijão branco, a presença de lectina no extrato foi determinada em ensaio de hemaglutinação com eritrócitos de carneiro. Posteriormente o açúcar específico, de ligação da lectina, foi determinado por inibição de aglutinação. Com intuito de avaliar a implicação do uso da farinha de feijão branco, foi realizado ensaio em modelo murino. Camundongos da linhagem BALB/c, foram tratados por 14 dias com duas doses de extrato (2150mg/kg e 5300mg/Kg) em 0,5 mL, por gavagem. Um grupo controle recebeu apenas solução salina. O peso corporal dos animais foi avaliado diariamente, e após o tratamento todos os animais forma eutanasiados, para coleta do intestino. Após processamento do órgão, foi realizada a análise histológica da mucosa do jejuno proximal. Desta forma, após a confirmação da presença de lectina no extrato bruto de farinha de feijão branco e bem como dos açúcares que inibem a aglutinação, foram realizados os tratamentos com duas concentrações distintas do extrato. Observou-se que os animais que receberam o extrato por 14 dias, em ambas concentrações, tiveram perda de peso significativa em relação ao grupo controle. Entretanto apenas o grupo que recebeu maior dosagem de extrato apresentou alteração histológica na mucosa do jejuno, caracterizada por infiltrado inflamatório. Podemos concluir que o extrato de farinha de feijão branco, apresenta lectina e sugerimos que esta pode estar relacionada com os danos intestinais e com a perda de peso, observados nos animais tratados com a mesma. |