Resumo |
O presente trabalho visa apresentar a pesquisa realizada no grupo de estudos sobre Literatura e Sociedade, vinculado ao Departamento de Letras da Universidade Federal de Viçosa. O grupo estuda autores brasileiros que produziram literatura a partir da década de 1930. Um desses autores é Lúcio Cardoso, autor do romance "Crônica da casa assassinada" (1959) do qual trata esse trabalho. Segundo o historiador Alfredo Bosi (1994), há um equívoco teórico nos estudos literários que dividem os romances desse período em apenas duas categorias: romance social-regional e romance psicológico. Na tentativa de rever essa classificação, com base nos estudos de Lucien Goldmann (1967), Bosi (1994) propõe novas categorias: a) romance de tensão mínima; b) romance de tensão crítica; c) romance de tensão interiorizada; e (d) romance de tensão transfigurada. Lúcio Cardoso é classificado como escritor do terceiro tipo de romance. Ainda assim, é necessário investigarmos as circunstâncias histórico-sociais e as mediações entre o contexto e a forma literária para aprofundarmos a discussão sobre essa categorização. Escolhemos para análise a obra "Crônica da casa assassinada" (1959), romance em que aparecem relações familiares conflitantes. Nossa pesquisa tem por objetivo analisar e discutir as relações de identidade dos personagens da obra de Lúcio Cardoso a partir da temática da decadência da família e da fragmentação da narrativa na contemporaneidade. Essa análise e discussão parte da problemática apresentada por Zygmunt Bauman em "Identidade" (2005). Para isso, utilizaremos como método a pesquisa bibliográfica de textos históricos, teóricos e de crítica literária a fim de posteriormente realizarmos uma análise crítica interpretativa do texto literário. O trabalho encontra-se na primeira fase do estudo, correspondente à leitura e discussão de textos históricos e teóricos sobre a narrativa de 1930. Portanto, é inviável a apresentação de resultados e considerações definitivas. Ainda assim, partindo dos resultados parciais, percebemos que os textos de historiografia literária mencionam superficialmente o autor e a obra aqui estudados, dando-lhes pouca importância. As obras classificadas como sociais-regionais são mais comentadas e estudadas, a despeito da grande quantidade de escritores ditos “intimistas” a partir de 1930, e igualmente de suas contribuições para a história do romance brasileiro. |