Resumo |
Famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família (PBF) apresentam maior vulnerabilidade social, devido à baixa renda, dificuldade de acesso aos alimentos e maior número de membros na família, contribuindo assim para a insegurança alimentar. Analisar a distribuição espacial de famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família quanto à insegurança alimentar e variáveis antropométricas. Estudo transversal realizado com 206 famílias beneficiárias do PBF residentes na zona urbana do município de Viçosa, Minas Gerais. Avaliou-se a situação de insegurança alimentar pela Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA). Para avaliar o estado nutricional de crianças e adolescentes foram observados os valores em z escore, segundo sexo e idade, dos índices Estatura/Idade e Índice de Massa Corporal (IMC)/Idade; para adultos e idosos IMC e gestantes IMC/semana gestacional. Avaliou-se estatura de adultos e idosos e utilizou-se a curva da Organização Mundial de Saúde (2007) e ponto de corte menor que -2 z escore para baixa estatura. Aferiu-se o perímetro da cintura (PC) de adolescentes, adultos e idosos em cima da cicatriz umbilical. Calculou-se a relação cintura estatura (RCE), considerando presença de risco cardiometabólico, valores de RCE≥0,50. Quando pelo menos um integrante do domicílio apresentava baixa estatura, excesso de peso (sobrepeso e/ou obesidade) ou risco cardiometabólico a família era classificada com presença de distrofia nutricional e/ou risco cardiometabólico. Foi realizada a análise espacial das famílias em relação ao estado nutricional e à insegurança alimentar no programa ArcGis (versão 10.3). Obtiveram-se as coordenadas das residências utilizando os endereços da base de dados disponibilizada pela Prefeitura Municipal de Viçosa e construíram-se mapas temáticos de frequência relativa para as variáveis antropométricas. Ainda, foram gerados mapas de Kernel para as situações de insegurança alimentar moderada/grave e leve, determinada pela EBIA. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Federal de Viçosa (691.641/2014). Observou-se baixa proporção de baixa estatura em todos os setores censitários, sendo inferior a 20%. Já as proporções de sobrepeso, obesidade, excesso de peso e risco cardiometabólico foram maiores, principalmente nos bairros localizados na periferia do município, com a maioria dos setores apresentando prevalências entre 40 e 60%; 20 e 40%; 60 e 80% e acima de 80%, respectivamente. Nas situações de insegurança alimentar moderada/grave e leve observaram-se áreas de alta densidade ou de risco, nos bairros localizados na periferia do município, como nos bairros São José, Cidade Nova, Barrinha, Nova Viçosa e Santo Antônio. A partir das análises é possível verificar que a prevalência de insegurança alimentar e o estado nutricional das famílias variam no espaço. Conhecer essa realidade pode contribuir paras intervenções mais eficazes. |