Resumo |
Introdução: Em um cenário onde o crescimento urbano e industrial se dá de maneira desordenada e mal planejada, o impacto ambiental inevitavelmente ocorre e espécies nativas podem ser acometidas. Espécies sentinelas auxiliam programas de conservação no monitoramento ambiental, e nesse contexto, o “Jacaré do papo amarelo” é considerado uma boa espécie para ser utilizada. Diante do exposto torna-se imperativo métodos que possam avaliar e identificar de maneira rápida e eficiente os impactos causados nos animais. Objetivo: Mensurar parâmetros hematológicos e proteínas de fase aguda em Caiman latirostris de cativeiro e de vida livre. Metodologia: Foram capturados 22 animais de ambos os sexos, sendo 6 provenientes de criadouros regulamentados e 16 animais de vida livre em ambiente antropizado. Para a captura dos animais foi utilizado luzes tipo “Spot light” ofuscando os mesmos, permitindo a aproximação e contenção com laço confeccionado com cabo de aço. Foram coletados todos os dados dos animais capturados, tais como: sexo, peso e comprimento. Foi feita uma marcação por meio da implantação de um micro chip a fim de formar um banco de dados dos animais e facilitar sua identificação em uma recaptura. A coleta de sangue foi realizada no seio venoso occipital, sendo este armazenado em tubos de EDTA a 10% para realização do hemograma e pesquisa de hematozoários e tubo sem anticoagulante para obtenção de soro para quantificação das proteínas de fase aguda. As proteínas de fase aguda foram realizadas por eletroforese em gel de poliacrilamida (SDS-PAGE), e quantificadas pelo software Gel Analyser®. Resultados: Todos os animais capturados em cativeiro apresentavam-se negativos para Hepatozoon sp na pesquisa de hematozoário realizada em esfregaços sanguíneos, e dos animais de vida livre 4 animais apresentaram-se positivos. Foram detectadas as seguintes proteínas: IgA, ceruloplasmina, transferrina, albumina, alfa 1-antitripsina, IgG, haptoglobina e glicoproteína ácida. Os animais em ambientes antropizados (animais de vida livre) e animais de criadouros apresentaram resultados semelhantes na maioria das proteínas de fase aguda, excetuando-se a IgA e a haptoglobina. Os animais de cativeiro apresentaram valores para IgA maiores quando comparados com os animais de vida livre, já a haptoglobina apresentou resultado inverso, animais de vida livre obtiveram valores mais elevados quando comparado aos animais de cativeiro. Não foram observadas diferenças em função da biometria dos animais. Conclusões: Apesar de não se evidenciar uma grande diferença entre os grupos, o trabalho demonstrou a possibilidade de haver uma relação entre a expressão das proteínas de fase aguda em animais silvestres provenientes de ambientes diferentes. Podendo sugerir o uso das proteínas de fase aguda como biomarcador, seja no diagnóstico ou de forma preditiva, visto que há uma possível relação entre ambientes antropizados e maiores intensidade de resposta por parte das proteínas de fase aguda. |